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Consultor e Palestrante

Visita Oficial do Presidente Richard King

Local: Salão Nobre do Jockey Club Brasileiro, Av. Nilo Peçanha, 11 – Centro, Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2001

Saudação ao Casal President King pelo Companheiro Condorcet Pereira de Rezende, do Rotary Club do Rio de Janeiro

Isto é apenas um discurso de boas vindas.  Por isso, não vou me prender nos fatos da excitante vida artística de Rick e Cherie, nem discorrer sobre a brilhante carreira de Ricky como advogado forense, nem mesmo avaliar a importância do Lema que Rick, inspirado na obra de Charles Dickens – “Um Conto de Natal”, escolheu para o corrente ano rotário qual seja: “A Humanidade é a Nossa Missão”, conceito que vem desde a Grécia antiga e chega a nossos dias, pois tanto filósofos quanto pensadores, através dos séculos, demonstraram preocupação com o destino da raça humana.

Sócrates dizia: “Não sou ateniense nem grego, mas um cidadão do mundo”; Fénelon afirmou: “Amo meu país mais do que minha família, mas há uma humanidade mais do que a meu país”. H. G. Wells escreveu: “Nossa real nacionalidade é a raça humana”;  Thomas Paine declarou: “O mundo é minha pátria, todos os homens são meus irmãos, e fazer o bem é minha religião”; no século dezenove, o filósofo francês Augusto Comte, pai da sociologia, estabeleceu os dogmas de um novo conceito de religião a que ele chamou “Religião da Humanidade”, e, em nossos dias, o famoso cientista norte-americano Linus Pauling, duas vezes agraciado com Prêmio Nobel (um de química e outro da Paz), observou que “Com a ajuda da ciência da tecnologia, a Humanidade conseguiu dominar tudo, menos a si mesma”. Adotando o Lema “Servir sem pensar em si”, o Rotary é instrumento importante para tornar o homem mais altruísta.

Como Rick e Cherie só ficarão dois dias conosco, pareceu-me que um discurso de boas vendas devia proporcionar-lhes informações sobre o Rio que não são facilmente encontradas em livros de história ou em guias turísticos.

Muitas vezes vocês ouviram referência às pessoas nascidas no Rio como “cariocas” (ou, para adotar a pronúncia anglo-saxônica, “carioucas”). Há mesma canção intitulada “Carioca”, que Bobby Short cantou em um de seus shows no Café Carlyle de Nova Iorque. Após o show perguntei-lhe se sabia o significado daquela palavra e ele me confessou que não sabia. Disse-lhe, então, que pouco tempo depois da descoberta do Brasil, as caravelas portuguesas chegaram ao Rio (onde fundaram na entrada de uma baía que os portugueses julgaram fosse um rio, e, como estavam no mês de janeiro, chamaram-no “Rio de Janeiro”) (River of January). Verificaram que a terra era habitada por nativos que falavam uma língua comum: o tupi-guarani. Bem, em tupi a palavra “cari” significa “homem branco” e “oca” significa “casa”. Assim, quando os portugueses começaram a se estabelecer ao pé do Pão de Açúcar e construíramas primeiras casas de madeira, os nativos chamavam-nas “cariocas” ou seja “casas dos homens brancos”, por extensão, passaram a chamar “cariocas” as pessoas nascidas naquelas casas e, posteriormente, as nascidas na cidade. Portanto, se forem apresentados a um “carioca” saberão que é alguém nascido na Cidade do Rio de Janeiro.

No cume do Corcovado pode-se ver uma estátua de Cristo, de braços abertos como se abraçando e protegendo a cidade. Ela foi construída em 1931; mudou completamente a paisagem e tornou-se um marco do Rio. Vendo-se fotos do Rio tiradas antes daquele ano, nota-se que o cume do Corcovado está despido e não é fácil identificá-lo. Marconi, o famoso cientista italiano, pretendia iluminar a estátua a partir de seu iate “Electra” ancorado no Mediterrâneo; seria um feito notável. Mas, por razões técnicas, o plano de Marconi não funcionou e a iluminação foi feita por uma concessionária inglesa de serviços elétricos que estava a postos para esse fim.

Os “bondinhos” que vão ao come do Pão de Açúcar foram instalados em duas etapas: a primeira em 1912 (indo da estação terrena ao Morro da Urca) e a segunda em 1913 (indo do Morro da Urca ao cume do Pão de Açúcar). Em quarenta anos de operação, um dos velhos “bondinhos” parou apenas uma vez na subida, mas os passageiros foram resgatados e trazidos a salvo para a terra. Em 1972, “bom dia os”bondinhos modernos” foram instalados e nesses trinta anos de operação apenas uma vez um deles enguiçou, mas todos os passageiros chegaram são e salvos à estação terrena. Os antigos bondinhos podiam transportar 130 passageiros por hora, os atuais podem transportar 1.360 passageiros por hora. A média anual de visitantes é de 600.000 pessoas.

Em 1950, o Brasil, pela primeira vez, sediou o Campeonato Mundial de Futebol. Construiu-se o Estádio do Maracanã para o evento. Sua capacidade é de mais de 100.000 pessoas. O Brasil tinha um bom time e o povo esperava que fossemos campeões. Depois de derrotar o México e a Suécia, o Brasil derrotou a Espanha por 6 a 1. Quando a partida se aproximava do final, aqueles mais de 100.000 espectadores espontaneamente começaram a cantar uma canção carnavalesca muito popular “Touradas de Madri”. Foi um espetáculo emocionante! Mas, infelizmente, o Brasil foi derrotado pelo Uruguai na final. E aqueles mesmos 100.000 espectadores que haviam dias antes cantado tão alegremente, permaneceram em silêncio sepulcral por horas a fio depois do apito final. Ninguém saía, a maioria chorava, ninguém podia acreditar no resultado. Parecia uma catástrofe nacional! Somente nos recuperamos em 1958, na Suécia; e vencemos, novamente, em 1962, no Chile; em 1970, no México e em 1994, nos Estados Unidos. Vitórias que de certa forma restabeleceram o nosso orgulho nacional. O Brasil tornara-se o único país a vencer quatro vezes a Copa do Mundo!

Além da beleza natural que pode ser vista nas montanhas e praias que cercam o Rio, temos também muito orgulho de nosso Carnaval, um espetáculo único de canto e dança realizado por cerca de 40.000 pessoas divididas em 10 diferentes grupos chamados “Escolas de Samba”. O desfile dura duas noites e os participantes cantam e dançam numa passarela de uma miha diante de um júri que dá notas pelas fantasias, as músicas, letras, a dança e a forma pela qual cada grupo apresenta seu enredo. Enquanto esses 40.000 participantes cantam e dançam na passarela, mais de 100.000 espectadores cantam e dançam nas arquibancadas.

O Rio tem servido de cenário para vários filmes americanos e ingleses. “Voando para o Rio”, com Ginger Rogers e Fred Astaire; “Uma noite no Rio”, com Alice Faye, Carmen Miranda e o Don Ameche; “Rumo ao Rio”, com Dorothy Lamour, Bing Crosby e Bob Hope; “O Segredo da Torre”, com Alec Guinness e Stanley Hollaway, e um filme da série do agente 007, com Roger Moore, no qual há uma cena de luta dentro de um bondinho que sobe para o Pão de Açúcar!

Nos anos trina, somente uma música brasileira podia-se ouvir em ambos os lados do Atlântico: “Tico Tico no Fubá”, de Zequinha de Abreu.

No início dos anos quarenta, Ary Barroso compôs uma canção que tornou-se uma espécie de hino nacional brasileiro no exterior “Aquarela do Brasil” (conhecido na América como “Brasil).

No início dos anos sessenta, novo ritmo foi adotado para o samba, que ganhou fama mundial sob o rótulo de “bossa nova”. De todas as canções da “bossa nova” a que teve êxito imediato foi “Garota de Ipanema” (“The Girl from Ipanema”), de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes.

Vejam, portanto, que há várias razões pelas quais nós, “cariocas” nos sentimos orgulhosos de nossa cidade. Nossos “egos” parecem inchar e nos sentimos felizes quando os visitantes se apaixonam pelas belezas do Rio. Mas nunca devemos esquecer a observação muito sábia de um monge budista de que “o caminho mais seguro para a felicidade é não ter ego”!

O Rio é conhecido como “Cidade Maravilhosa”. Algumas pessoas dizem que esse epíteto foi criado por Cole Porter em sua visita ao Rio no ano de 1939. Mas, de fato, em 1936, um compositor brasileiro, André Filho, publicou uma canção que se tornou um marco da música popular brasileira e que foi oficialmente declarada “hino” de nossa cidade em 1960. Chama-se “Cidade Maravilhosa” que a banda vai executar agora. Peço a todos os presentes que cantem essa marcha como forma de dar as boas vindas ao ilustre casal de maneira bem “carioca”, fraternal e musical, como convém, tratando-se de dois afamados artistas!

Maestro!

Muito obrigado.

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Um comentário

  1. Além de discorrer sobre temas tão profundos, ele também falou sobre a importância de compartilhar curiosidades sobre o Rio de Janeiro, cidade que acolhe a todos com seu encanto e diversidade. Desde a origem do termo “carioca”, que remonta à chegada dos portugueses e à convivência com os nativos tupi-guarani, até os marcos como a estátua do Cristo Redentor no Corcovado e o famoso Estádio do Maracanã, palco de emocionantes eventos esportivos. O Rio não só encanta com suas belezas naturais, mas também com a animação do Carnaval e a riqueza cultural expressa nas Escolas de Samba. Que vocês possam celebrar juntos a magia dessa cidade maravilhosa e acolher, a todos nós visitantes, com todo o carinho e hospitalidade “carioca”. Obrigada por nos brindar com este discurso maravilhoso!

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