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Consultor e Palestrante

Somos quem podemos ser (assim é se me parece)

Na véspera das Eleições Municipais de 2024 me ocorrem lembranças de peça do dramaturgo siciliano Luigi Pirandello que embora escrita em 1917 se mostra absolutamente atual, seja qual for a época em que for encenada, na medida em que revela características marcantes dos seres humanos: a curiosidade sobre a vida do semelhante, a fofoca, a bisbilhotice, a falta de compromisso com a verdade.

Tive contato com sua mensagem quando levada à cena em 1985 no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro. O seu roteiro me impressionou profundamente a ponto de até hoje me trazer profundas reflexões.

Certa vez encontrei Sérgio Brito ocasionalmente num Aeroporto, em trânsito para destinos diferentes. Foi o bastante para que pudéssemos trocar uma inesquecível conversa a respeito da encenação e da profunda mensagem que o elenco, que contou com Natália Timberg, Iara Amaral, Ary Fontoura, Cristina Pereira, Vic Militello, Henriqueta Brieba e Jose Wilker levou à plateia. Na conversa, de aproximadamente 30 minutos, Sérgio se mostrou amável, agradável e profundamente interessado em trocar ideias sobre o comportamento e os caminhos da Humanidade.

Nos dias atuais, procurei prestar atenção à propaganda eleitoral gratuita veiculada pelos meios de comunicação aqui na Cidade do Rio de Janeiro.  É provável que os comentários que se seguem só tenham sentido na Cidade Maravilhosa ou, quem sabe, possam coincidir com outras mais. Quem sabe???

Por aqui, poucos candidatos à Câmara de Vereadores falaram em suas curtas inserções sobre os problemas reais da sociedade carioca. Alguns foram até mesmo risíveis com suas falas e gestos. Em resumo, pareciam desconhecer o papel do legislador municipal. Mas, como convém à dinâmica que precede as eleições, tivemos (poucas) postulações a serem levadas a sério, o que permite ao eleitor atento separar o joio do trigo. E, assim, fazer a sua escolha consciente.

Conhecer pessoalmente o candidato, e poder ter com ele contato direto, me parece ser uma boa opção de voto. Assim, sua performance poderá ser mais bem acompanhada pelo eleitor de modo a orientar aquele que venha a merecer o voto na direção que se entende correta e melhor para toda a coletividade.

No caso dos postulantes à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro alguns poucos apresentaram suas propostas de ação caso eleitos, enquanto outros insistiam em se dizer contrários aos oponentes, numa clara demonstração ideológica que mais parecia mirar as futuras eleições em 2026. Vez por outras o eleitor era levado à confusão entre o que compete ao Prefeito e o que é da responsabilidade de outras esferas de Governo. Enfim, criticar, ofender e confundir parecia ser o propósito, provavelmente por falta de propostas efetivas para os reais problemas a serem geridos pelo alcaide municipal. Desculpem, mas assim é, e assim me parece ser.

Sou um construtor da paz como costumo me apresentar e, por isso, a decisão para o meu voto se torna facilitada. Nada de dirigir a minha atenção para pessoas iradas, meramente movidas pelo desejo de ascender ao poder pelo poder.

Meu primeiro título de eleitor data de 1975. Desde então exerci o meu direito ao voto em todas as eleições, sem perder uma sequer. Conheço pessoas que declinam de votar por terem mais de 70 anos. Minha posição é diferente desses. Continuarei a participar ativamente das eleições enquanto minha saúde assim me permitir ir à sessão eleitoral, como o farei amanhã, dia 6 de outubro de 2024, para consignar meu voto àqueles que, na minha perspectiva, melhor desempenho tiveram enquanto candidatos e mais confiáveis me parecem ser se eleitos.

Somos Quem Podemos Ser, canção com letra do gaúcho Humberto Gessinger, vocalista dos Engenheiros do Hawaíi, aborda a temática que pode ser oportuna lembrar nesse momento de decisão.

https://www.youtube.com/watch?v=Dv6-2mOd0EY

Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão. Um dia me disseram
que os ventos às vezes erram a direção.

E tudo ficou tão claro, um intervalo na escuridão. Uma estrela de brilho raro, um disparo para um coração.

A vida imita o vídeo, garotos inventam um novo inglês vivendo num país sedento um momento de embriaguez.

Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter.

Um dia me disseram quem eram os donos da situação. Sem querer eles me deram
as chaves que abrem essa prisão.

E tudo ficou tão claro, o que era raro ficou comum. Como um dia depois do outro, como um dia, um dia comum.

Um dia me disseram, que as nuvens não eram de algodão. Sem querer eles me deram, as chaves que abrem essa prisão.

Quem ocupa o trono tem culpa, quem oculta o crime também; quem duvida da vida tem culpa, quem evita a dúvida também tem.

Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter.

Concordo com o autor:  quem duvida da vida tem culpa, quem evita a dúvida também tem.

Mesmo que a lei permita a ausência aos mais experientes, mesmo que as desilusões nos levem a pensar na abstenção, seja qual for a circunstância que nos faça hesitar, façamos a nossa parte no fortalecimento da Democracia e confiemos o nosso voto àqueles que nos parecem os merecedores de nossa confiança. Assim é, e assim me parece ser. Afinal, somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter.

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30 comentários

  1. Oportunas e corretas suas observações. Penso q irá estimular reflexões em muitos leitores. Abs

    • Caro companheiro Joper um texto como costumo dizer delicioso, claro e com ótimas reflexões, que me desculpe a sugestão deveria transformar em uma roda de conversa

  2. Estimado amigo, companheiro e parceiro,
    Parabéns pelo texto e reflexōes. Que tudo fique claro no momento da escolha do candidato que poderá nos representar e merecer nossa confiança
    Desejo que possamos fortalecer a democracia e a paz em prol da coletividade.
    “Somos o que podemos ser “ e que os ventos nos levem à direção certa.
    Saudações

  3. Reflexões que merecem um grande debate.
    Discordo muito da ” dita Democracia ” que existe em nosso país.
    Talvez alguém possa me encarar como revoltado.
    Mas a política está bem perto de uma grande implosão.
    Enquanto tivermos uma insegurança jurídica e a ficha dos postulantes a cargos públicos forem enlameadas os resultados serão os mesmos.
    Perdoe o desabafo.
    Teus textos são muito reflexivos, nos afloram pensamentos

    • Assim como você, também amanhã irei exercer meu direito ao voto. Meus parabéns por mais um texto reflexivo e de bom tom. “Somos o que podemos ser” isso é maravilhoso! Um abraço!

  4. Joper
    Como sempre, seus textos nos levam à reflexão! Eleição é um desses momentos , no qual temos a oportunidade de “esperançarmos” , pois tornamos a acreditar que o Outro , é aquele que irá transformar nossos Sonhos em Realidade!
    Que bom vivermos num país Democrático , onde é possível Ser quem Somos e Sonhar com um futuro mais Humano é Justo !

  5. Muito bom o texto Joper. Oportuno pelo momento que vivemos, acertivo no que diz respeito a necessidade de entender as dificuldades e participar ativamente das decisões a que somos chamados e a necessidade de votar com consciência e responsabilidade. Pelo menos para mim é assim que parece! Parabéns!

  6. De Vera L M Sarubbi (via WhatsApp): Caro Joper. Muito sensatas são suas palavras no texto em questão. Concordo com você, quando afirma que os candidatos a esta eleição não têm uma plataforma de trabalho definida. A maioria deles prefere atacar o oponente, do que mostrar para o que realmente veio e o que pretende fazer, caso seja eleito.
    Só em uma coisa eu sou diferente de você. Estou exercendo o meu direito de não votar (já tenho 71 anos). Mas, admiro pessoas, como você e meu marido (que já tem 74) que sairão amanhã para exercerem o direito de escolha. Amei o texto. Abraço. Vera Sarubbi

    • Gratidão pela sua amável atenção. Respeito sua posição mas acredito que como as gotas formam o Oceano, cada voto faz a diferença para fortalecer a Democracia.

  7. De Eliana SP (via WhatsApp): Parabéns pela atitude e grata por boas dicas . Lamento tb os atuais candidatos que estão se apresentando

  8. De João Flavio (via WhatsApp):Maravilha este texto
    Parabéns.

  9. Excelente texto, caríssimo Joper.
    Vc traduziu o que realmente aconteceu nesse triste período eleitoral.
    Também me julgo um construtor da paz (aliás aprendi essa frase com vc), mas, infelizmente, tenho uma preocupação muito grande em ter que reconhecer que o ser humano está perdendo a humanidade.
    Parabéns, meu Amigo!!!

  10. Obrigada pela oportunidade de ler esse magnífico texto!

  11. Sempre certeiro hein Joper. Quanta sabedoria, concordo com cada palavra, hoje fica mais difícil saber o voto certo, mas a gente se esforça para tentar acertar. Sonho com um dia que possamos ter uma eleição, uma política mais limpa e clara. Para podermos continuar sendo o que podemos ser.

  12. Bela reflexão, amigo Joper!
    Somente com o voto e posterior cobrança aos eleitos, podemos promover alguma mudança e evolução.
    Forte abraço!

  13. De Ana Catarina (Via WhatsApp): Mais uma vez sua compreensão das coisas e do
    Momento me levam a uma reflexão profunda dou como vc já fiz 70
    Mas não deixarei de colocar na urna o que me parece ser o melhor parabéns mais uma vez pelo
    Lindo texto

  14. De Elisabel Baptista Maurer Gomes(via WhatsApp): Riquíssimo!
    Parabéns Elizabel

  15. De Hugo Dórea (Via WhatsApp): É isso mesmo, caro Joper!

    Apesar das adversidades e das imposições externas, cada pessoa tem o poder de definir quem é e quais sonhos pode perseguir.

    Seu texto nos leva a refletir sobre nossa responsabilidade e culpa, ressaltando que tanto a ação quanto a inação têm consequências.

    “Quem ocupa o trono tem culpa, quem oculta o crime também; quem duvida da vida tem culpa, quem evita a dúvida também tem.
    Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter”.

    Muito obrigado por tão oportuna reflexão!

    Um forte abraço!

    • A importância de participar ativamente na democracia não pode ser subestimada. Cada voto é uma oportunidade de moldar o futuro e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Quando exercemos nosso direito ao voto, estamos não apenas expressando nossas opiniões, mas também honrando aqueles que lutaram para que essa liberdade fosse possível. Portanto, é fundamental que, independentemente das dificuldades ou desilusões, nos comprometermos a fazer nossa parte. Ao escolhermos cuidadosamente os candidatos que acreditamos representar nossos valores e interesses, estamos ajudando a fortalecer o sistema democrático. Que possamos sempre valorizar e preservar esse direito, garantindo que nossa voz seja ouvida. Parabéns pelo belo texto reflexivo.

  16. De Luciano Osório Rosa (Via WhatsApp): Muito oportuno e instigante o seu texto, caro Joper.

    • Querido amigo Joper, uma bela reflexão sobre o cenário político atual, especialmente em relação às eleições municipais de 2024. Ele compara a natureza humana, retratada na obra de Luigi Pirandello, com o ambiente político, marcado por fofocas, curiosidade e falta de compromisso com a verdade . O autor destaca a importância do voto consciente e da participação ativa, mesmo diante de decepções. Crítica às campanhas focadas em ataques pessoais e na superficialidade de propostas, incentivando os candidatos a fazerem escolhas informadas. A citação da música “Somos Quem Podemos Ser”, de Humberto Gessinger, reforça a responsabilidade individual nas escolhas

  17. De Otavio Santana do Rego BArros (Via WhatsApp): Uma belíssima lição de vida meu amigo, e luz para tantos cidadãos que fogem de suas responsabilidades.
    PARABÉNS

  18. De André Luiz (via WhatsApp): O texto, como de costume, está excepcional, meu amigo.
    Parabéns!!!

  19. De Chris Aguiar (Via WhatsApp): Agradeço de coração por acreditar na Cultura e na Educação como poderosas ferramentas de transformação.

  20. De Vera Elias (Via WhatsApp): Bom dia! Excelente texto com belas reflexões! Abs

  21. Joper, você sempre tão inspirador. Reconhecer nossos limites faz parte da sabedoria, do que está dentro e fora de nós.

  22. De Angea (Via WhatsApp0: Muito bom!
    Adoro seus textos, suas reflexões porque parece que escreve como se falasse para si mesmo e não dirigido ao seu público.
    Acabei fazendo uma viagem ao passado. Lembro de cada ator citado. Uma “leva” de artistas que nós admirávamos mas por causa da Lei Rouanet segundo a visão do atual presidente, tomei enjoo e muita distância dos atores atuais.
    Realmente, proposta coerente nenhum candidato nos propôs, só acusações, bate- bocas, baixarias e até violência física.
    Nunca deixei de votar mas ainda estou com gripe muito forte e não pude ir. De qualquer modo, não tenho mais confiança na apuração dos votos mas valeu muito a pena, ler sua matéria sobre o assunto.

  23. Meu querido, os assuntos que sempre trazes são iscas para boas reflexões. Nos setores por onde se nota o pouco interesse, o distanciamento de grande parte da sociedade, sofrem o mal de uma ocupação, quase sempre, maligna. A política é uma delas. A cada dia entregamos um pouco mais de nossas vidas nas mãos de quem não tem o menor respeito para conosco. E somos responsáveis por isso. Fazemos piadas com coisas que deveríamos repudiar. Em um mar calmo e com vento brando, eu diria que os que se permitissem a não participar, também, estariam certos, mas com o mar revolto, do jeito que está, todas as vozes do bem, são bem chegadas. Parabéns e um salve ao belo texto. Viva Pirandello!

  24. Comento com atraso o oportuno texto do amigo. Não só no Rio de Janeiro, me arrisco a dizer, em todos os municípios em maior ou menor grau de espanto, surgiram candidatos que nos assustam pela falta de educação, despreparo moral e baixo nível intelectual. São o que são e nós, o que podemos ser. Parabéns pelo texto.

  25. As eleições terminaram mas seu artigo permanece atual. O voto democrático ocorreu e venceu os financeiramente e politicamente articulados. Lashon Hara as más linguas, no contexto judaico já alerta que quem fala mal envolve 3 pessoas, de quem se fala, para quem se fala e quem fala. O dedo indicador quando aponta trás 3 contra o apontador. Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter, veste perfeito os que se espelham nos Inluenciadores, que iludem e se beneficiam daqueles que de fato não podem ser em um mundo competitivo e desigual. E sonham os sonhos das ilusões, do sucesso rápido. E Sergio Britto, intelectual,conhecedor profundo da arte teatral e estudioso da literatura que aplicou nas peças que dirigiu e/ou contracenou deixa uma lacuna para os que como você e eu tiveram o privilégio de o conhecer. Parabéns amigo pelo seu pensamento instigante. Rio, 21.10.24

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