Somos parte de um todo
Na Missa de Sétimo Dia do falecimento do pai do querido amigo Alexandre Melilo, ouço o celebrante afirmar: Nenhum homem é uma ilha!
Ao final do ato litúrgico decidi cumprimentar o Padre celebrante por sua mensagem. Em minha camisa branca eu trazia duas fitas com as cores azul e amarelo, um símbolo de solidariedade aos mais de 2 milhões de refugiados ucranianos.
Em nossa breve conversa eu realcei a frase que ecoava em minha mente: Nenhum homem é uma ilha! E ao menciona-la, apontei o meu dedo para o símbolo que trazia comigo – as fitas com as cores da Ucrânia. É quando o sacerdote me pergunta: Verdade, não mencionei nada a respeito. Você é descendente de ucranianos? Sem hesitar, respondo: Negativo Padre, sou apenas um Cristão.
Algo trazia a minha memória lembranças do passado. Em meu escritório consulto o Google e logo me deparo com o poema do poeta e pregador inglês John Donne (1572-1631):
Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano.
E por isso não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.
John Donne em Meditações – XVII (1623)
Bingo. A barbaridade que acontece na (aparente) distante Europa, afeta a todos, indiferentemente de onde estejamos.
Mais de 2 milhões de pessoas deixam a Ucrânia em busca de segurança em países vizinhos, enquanto um outro contingente estimado pelas Nações Unidas em um milhão de cidadãos se tornam deslocados em busca de locais mais seguros em seu próprio País, lugares esses cada vez mais escassos.
Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados disse ser uma situação aterrorizante. São mulheres, crianças e idosos, nada antes visto com tamanha preponderância, disse ele. Ao menos 33 países acolhem a entrada desses retirantes, inclusive o Brasil que já recebeu 894 deles.
Acompanho atentamente a evolução dos acontecimentos pelo noticiário e pelas informações que chegam pelo Rotary International e por comunicados do Companheiro Volodymyr Bondarenko, Governador do Distrito 2232 da Ucrânia. Tenho procurado estabelecer contato com Rotarianos brasileiros de ascendência ucraniana ou associados em Rotary clubs em que a colônia de descendentes seja presente. Também procuro estimular companheiros de outros clubes de serviços a ampliarem as redes de relacionamentos em favor dos refugiados e deslocados.
É o mínimo ao meu alcance.
Enquanto redijo este texto, lembro das palavras de Lenine em sua canção Paciência.
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
E o mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não
A vida não para não
É, caros leitores, nenhum de nós é uma ilha. Somos parte de um todo, seres integrantes da natureza. E, enquanto todo mundo espera a cura do mal imposto a inocentes, e que cesse a insanidade dos que promovem a guerra, quando a loucura finge que isso tudo é normal, eu finjo ter paciência, mas longe de me manter inerte, procuro fazer a parte que me toca. Afinal, sou parte de um todo e a Humanidade é a missão que tenho em vida. E você?
Publicado em 2022, mar 20
Amigo Joper, leitores do Blog do Padrão Positivo.
A insanidade desta guerra encontra argumentos que escondem muitos interesses que estão em oposição ao respeito humano.
Mata-se por vários motivos criados ou engendrados em mentes adoecidas, mas não vemos a afirmação: matamos por respeito a humanidade, ou em respeito ao primeiro ou ao último nome da terrível lista de mortos.
Uma lista transformada em estatísticas de mortos, feridos, refugiados, crianças, idosos, mulheres, homens, soldados, peregrinos da agonia por encontrar local menos inseguro. Estes dados de barbárie traduzem a realidade dos afetados diretamente para os mais distantes. Não para familiares, amigos e voluntários que vivem com intensidade essa realidade.
A distante e próxima Europa nos comove pelas cenas que invadem nossos lares com horrores que se multiplicam a cada dia.
E não tem perspectiva de final. A estratégia de impor sofrimento a nação que não se subjuga serve de aviso prévio a outras nações que sonham ou imaginam se libertar da atual tirania russa. Essa é uma mensagem de primeira página: Não será sem um grande custo humanitário.
Assim, resta como tábua de salvação a solidariedade atuante de humanos que realizam esforços de acordo, com suas possibilidades, para minimizar o fardo das vítimas. Nossos companheiros do Distrito 2232 da Ucrânia são um belo exemplo de solidariedade.
Nós brasileiros e rotarianos não devemos ficar isolados em uma ilha. Podemos fazer nossa parte, ainda que distante, para demonstrar que nossas ações minimizam o sofrimento de milhões de pessoas. E podemos fazer juntos em nossos clubes.
Vale lembrar: Longe de ser uma imagem romântica, como progressão de escala, a rosa que tem sido oferecida pelo Sr. Putin aos irmãos ucranianos é a “Rosa de Hiroxima” (Vinícios de Moraes, 1946): “… A rosa radioativa, Estúpida, inválida, …”
Não há como prever os próximos dias. Façamos já com o melhor de nossos corações e mentes.
Excelente texto, parabéns!
Nesse mundo caótico que estamos vivendo é
COMUM olhar para o próprio umbigo
NORMAL acontecimentos com variação de desvio padrão
IDEAL olhar o próximo como irmão e ama-lo, servindo com amor.
Tudo que acontece atualmente é próprio de um ser humano
Só vai melhorar quando for ação do SER HUMANO D
Um texto forte e sensível que nos desperta para o compromisso de que “somos parte de um todo”. Que a dor alheia nos toca e altera os nossos rumos. Parabéns e obrigada,Joper!
Forte e emocionante. Texto para uma reflexão.
Caro Joper, texto brilhante, realmente, não me imagino fazendo nada sozinha, vou fazendo a minha parte, ajudando como posso, sofrendo junto com essa guerra, mas não desisto, sei que sou um pequeno grão de areia nessa história, mas meu coração é gigante e procuro fazer o melhor sempre, ajudar os que mais precisam; gratidão por tantos textos que nos leva a refletir mais e mais.
Querido amigo Joper, Seu texto reforça o quanto estamos distantes do mínimo aceitável em termos de relações humanas neste planeta. Buscar vantagens financeiras e poder pela força escancara a falta de sensibilidade de dirigentes, supostamente líderes em suas comunidades.
Vivemos tempos difíceis, amigo. O grau de violência empregado pelos novos conquistadores assusta-nos. Faltam adjetivos para qualificá-los.
Do outro lado da moeda, estamos nós, defensores da paz, cidadãos atentos à justiça social. As barbaridades perpetradas impelem-nos à reforçar a postura conciliatória, mas contundente, exigida em momentos críticos como os atuais no Leste Europeu.
Nós, rotarianos, espalhamos a paz e o bem viver em todos os pontos da Terra. Continuaremos, sempre, com a direção apontada pelo fundador do Rotary, Paul Harris, há mais de 100 anos.
Para os rotarianos, o tamanho do desafio é irrelevante, apesar de desproporcional. Levamos a nossa mensagem de paz através de ações humanitárias onde se façam necessárias, com a bandeira da paz como indicativo do nosso objetivo.
Parabéns por outro texto mu8to bem calibrado e contundente.
É isso. Cada um fazendo a sua parte. Cada um de nós é capaz de com sensibilidade juntamente com ação, mudar o todo.
Todos somos um.
De Sandra Carvalho (via Whatsapp): Parte de um todo , meu amigo, cada vez mais. A guerra ,qualquer uma, nos afeta de todas as maneiras. Seja espiritual, emocional, financeira e politicamente.
Infelizmente temos poucas ações concretas para ajudar os tantos, em tantas guerras, paralelas à essa.
Aqualussa, em sua coluna semanal, ressaltou que, na África, de onde ele é original, as guerras se estendem há anos, sem um horizonte que leve a paz.
A Faixa de Gaza aí está nos mostrando a insanidade reinante. Infelizmente temos vários exemplos, ao redor do mundo da insanidade de poucos afetando uns muitos
Temos que rezar e esperar, trabalhando ,como nos é possível, para um futuro e um mundo melhor
Caro Joper,
Para nós a insanidade desta guerra, num local tão longínquo e ao mesmo tempo tão interiorizado em nossos corações.
É Impossível ficar indiferente.
É impossível estar indiferente.
Como bem foi colocado: nenhum homem é uma ilha e eu concordo.
Mas urge a necessidade da prática do amor, este tão carente entre os povos.
Querido companheiro Joper, belisdimo texto.
Realmente as cenas que assistimos todos os dias nas mídias não são dignas de uma humanidade que se intitula esclarecida.
Porém, não podemos olhar apenas para a Ucrânia, e a África, há anos massacrada por guerras e quase ninguém os acode. E os muçulmanos ? Também são humanos, todos os dias são tratados pior que cachorro sarnento.
E nosso Brasil ? O Rio de Janeiro mesmo, temos tantas mortes diárias como se estivéssemos em uma guerra.
É muito triste achar que a guerra trás a Paz.
Sou contrária a qualquer guerra, para isso aprendemos a falar, a nos comunicar.
Precisamos destruir coisas e pessoas em nome da Paz ?
Que liberdade é essa que a pessoa não pode sair do próprio país? Tem de ficar para pegar numa arma e matar?
Existe idade para matar?
Vejam quantos absurdos !!!!
Como também me sinto parte do todo, não consigo ficar calada.
Pensem nisso, EXISTE IDADE PARA MATAR?
Que Paz é essa que queremos ?
De Eliane dos Santos (via Whatsapp): Sua escrita está excelente. Só tenho a te parabenizar
De Nelson Portugal (via Whatsapp): Caro Joper excelente texto que nos permite refletir em sermos mais solidários com a tragédia do povo ucraniano. Parabéns
Seus pensamentos são o espelho da sua alma…obrigada por nos permitir compartilhar
Caro Presidente. Bohn Donne , mesmo com a concepção das dificuldades da vida, não gritou ESTOU VIVO, mesmo num leito hospitalar; ESTOU VIVO; mesmo com perdas irrecuperáveis, ESTOU VIVO; ao ler suas palavras, sei que ESTOU VIVO; mesmo com dificuldades , ESTOU VIVO. A vida é assim, com dores e sofrimentos, com amor e tranquilidade. ESTOU VIVO . E a vida é um tudo inexplicável. Nunca estarei só. E se for uma ilha , terei água de rio ou mar. E, se vivo não estiver, NÃO SEI. NUNCA MORRI ANTES.
Joper, lendo seu texto meus sentimentos e pensamentos voltaram se para os momentos difíceis de dor que passamos em nosso país e mais precisamente no Rio de Janeiro, pensávamos estar saindo de uma recessão econômica e aí chegou um vírus que nos isolou…como se cada um fosse uma ilha…Logo nós tão receptivos, com tantos amigos, festas constantes, encontros,viagens …ah e as praias, lugar de tantos encontros e momentos de relaxamento. Desafios que tivemos que enfrentar e tentar manter uma saúde emocional. Pensávamos estar no fim de tanta tristeza e o que chega…a guerra. Não podemos ser uma ilha não estamos programados para tal…e isso vimos o tempo todo agora mesmo com a tragédia de Petrópolis, somos totalmente humanos.
De Francelisa Vieira Flores (via Whatsapp): Gostei muito, na realidade há poucos momentos para pensar na estabilidade do outro pois o mundo exige cada vez mais de nós! Realmente “nenhum homem é uma ilha” mas, falo nesse momento por mim, o emérito abandono que a sociedade nos impõe começa em cada lar, quando um pai não ouve seu filho, quando uma mãe corre para o trabalho delegando poderes, delegando responsabilidades para quem não consegue nem decifrar seus próprios abandonos. Essa é a verdadeira crueldade que transforma seres humanos em lápides frias, em marmóreas estruturas andantes. Lido com esse abandono na guerra diária das salas de aula.
PARABÉNS PELO TEXTO ASSAZ PROVEITOSO E ÚBERE. BOA TARDE!
Estimado companheiro Joper,
Parabéns pelo texto e pelas reflexões.
O título de seu texto me fez refletir quanto ao aspecto psicológico da guerra, não somente do lado da vítima mas, também do lado dos soldados.
O estresse pós -traumático condecora os soldados que são transformados em máquinas de matar, que tem que superar a “ fobia humana universal”: a aversão de tirar a vida de outras pessoas .
Paranoia, vícios e suicídios são muito comuns entre os soldados de guerra.
Por outro lado, as vítimas da guerra cada vez que lembram das situações vividas ficam mentalmente e fisicamente exauridas. Começam a organizar a sua vida em torno do trauma. Suas relações de trabalho e relações familiares começam a se deteriorar .
Não há como não nos compadecermos diante das notícias que invadem nossas casas todos os dias.
Diante do conflito entre nações pergunto: O que se ganha como pais? O que realmente se conquista além da perda de um monte de gente boa?
Acredito que os traumas dos soldados e dos líderes insanos só serão superados se cada um puder encontrar suas próprias respostas.
Muito bom, Joper!
De Silveira Dantas (via Whatsapp): Li sua matéria e achei excelente. Realmente é um texto maravilhoso, grande lição de vida. Parabéns!
Caro e ilustre Companheiro e Acadêmico Joper , seu texto é profundo e tristemente real na sua construção da dor e da miséria nos relacionamentos humanos. Sacrifica-se vidas para obter domínio sobre um espaço físico, um chão.
Vidas têm pouco significado no tabuleiro das estratégias.
E nós rotarianos não podemos só esbravejar, é preciso agir.
É o que estão fazendo os paranaenses que recebem famílias aqui, enviam recursos para lá e oram por todos!
A Ucrânia não será destruída, seu heróico povo a reconstruirá
Parabéns Joper
Sempre sensato e com palavras tão importantes e coerentes. Brilhante texto. Nenhum homem é uma ilha, sejamos solidários.
O texto requer reflexão. O final requer uma resposta à pergunta:”E você?”
Quanto a mim procuro amar o próximo como a mim mesmo. Nessa “corrente” a paz é possível.
Parabéns Joper pelo texto que nos faz refletir e agir.
De Elizena Ribeiro Chaves (via Whatsapp): A alma inquieta não descansa. O ser humano que escolheu servir está sempre alerta e de momentos tristes colhe preciosas lições e as divide e contagia. Seu exemplo irradia e nos inspira. De fato não somos uma ilha, muito menos indiferente aos sombrios q atravessamos. Sempre maravilhosos e estimulantes seus textos.
De Jackson Caiafa (via Whatsapp): Excelente, muito tocante e atual o seu texto meu amigo Joper. Parabéns!!!
De Ângela (via Whatsapp): Amigo, além da empatia, está presentr um senso de responsabilidade social e humanismo marcantes no seu texto.
Grata por compartilhar!!!
De José Maria Mesquita (via Whatsapp): exto inspirado e oportuno Joper. mais uma vez a solidariedade e a compaixão transbordam de sua vida para seus escritos e mostra o ser humano que você é: especial! Ninguém é uma ilha e isto está presente na fala do Padre, no poema de John Donne, no seu texto e dito na bela poesia de Lenine que ninguém deve ser uma ilha que não há mais tempo a esperar, o mundo espera a solidariedade, a compaixão, o bom senso e o cuidado com o próximo, cada dia é mais tempo para se solidarizar. Parabéns!
De Serafim Carvalho (via Whatsapp): Companheiro Joper. Gostei muito do texto e da reflexão, que encaixa perfeito pra nós Rotarianos como sentinelas da sociedade, que leva a mão amiga para os mais necessitados, que às vezes, estão isolados, como ilha mesmo, pois ninguém se aproxima.
Parabéns pelo texto
De Cel. Guilherme Moraes (via Whatsapp): Caro companheiro li todo o texto e comentários. És um orgulho para as Letras Rotárias. Comungo com a tua ideia . Enriqueces o cenário positivista . Fraterno abraço.