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Consultor e Palestrante

Eureka! Eureka!

legal, moral etico

NADA EXPLICA O INEXPLICÁVEL

Eu tinha, ainda, 30 anos incompletos. Conheci um ilustre brasileiro, o mineiro Gleuso Damasceno Duarte. Escrevia ele sobre Responsabilidade Social Corporativa. O professor é um dos pioneiros na temática.

Lí seu livro. Fui ao seu encontro. Um dos privilégios que a vida me concedeu. Compartilhar do diálogo com mentes brilhantes é um prêmio do qual jamais abro mão. Até hoje seus ensinamentos me guiam.

Num dos capítulos de seu livro Responsabilidade Social – A Empresa Hoje (Livros Técnicos e Científicos, 1985) o Mestre conceitua o que é legal, o que seja moral, para chegar ao que entende ser ético. O faz com um singelo desenho com 3 círculos: um menor, o legal; um médio, o moral; e um maior, o ético.

Impregnado por suas teses, passei a adotar esses conceitos. É usual que eu fale para pessoas de boa-vontade que me convidam para aguçar seus apetites de reflexão. Quando o faço em ambientes de gastronomia, peço ajuda ao garçom: “por favor, me empreste um prato de sobremesa, um outro prato raso e uma bandeja de aço, daquelas que você usa para transportar os pratos”. Passo, então, a expor com uma demonstração objetiva do conceito de Gleuso. Apoio o prato de sobremesa de topo sobre uma superfície e falo sobre os limites do ”legal”. Em seguida, coloco por trás, também de topo, o prato raso e trato sobre os aspectos da moralidade. Por fim, a bandeja de aço é colocada por trás de todos os pratos, e disserto sobre a Ética.

Simples assim!

Costumo tratar sobre o conceito de “legal” exemplificando as diferenças de alíquotas do Imposto Sobre Serviços em Municípios limítrofes. Um pode ter a alíquota maior que o outro, ou vice-versa.

Para o conceito do “moral” uso a metáfora dos trajes de banho em locais públicos para as mulheres, vis-a-vis a cultura da monogamia e da poligamia, traçando paralelos entre os hábitos ocidentais e os praticados pelos povos árabes.

Por fim, trato do conceito sobre a Ética, agregando o pensamento do teólogo Leonardo Boff sobre “a morada do ser”.
Em resumo concluo adotando metáforas para que as pessoas reflitam que nem tudo que é legal, é ao mesmo tempo moral ou ético.

Pois bem, com as matérias que assisto neste momento no noticiário nacional e internacional, dando conta da decisão da Presidente da República de nomear um ex-Presidente para ocupar um cargo em seu Ministério, essas reflexões emergem em meus pensamentos.

A par de minha indignação como cidadão e eleitor, vejo repetidos os enganos da prática desses conceitos. O ato anunciado pelo Palácio do Planalto pode ser revestido de legalidade. Cabe ao mandatário – Presidente da República – nomear seus Ministros. Mas será entendido pela sociedade – especialmente após as manifestações populares do último Domingo dia 13 e das denúncias do Ministério Público e investigações da operação lava-jato – como um ato moral? Isso, sem falar na questão da transgressão ética, caso o futuro venha a nos mostrar provas ainda mais dantescas que venham a ser oferecidas nos autos dos processos em curso.

Diz-se que Arquimedes, matemático da era clássica, da Sicília (Século III a.C), terá gritado, há mais de dois mil anos, “Eureka! Eureka” ao ter descoberto que dois não podiam ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. É hora de rememorar o sábio italiano … e manter o otimismo diante do futuro, confiando na sociedade e na sua capacidade de, mantendo a Ordem, continuar caminhando no sentido do Progresso, como feito no último Domingo por todo o Brasil.

Escrevo este texto do quarto do Hotel Golden Tulip, em Brasilia, vizinho ao Palácio do Planalto, onde me encontro hospedado para participar de um encontro do Conselho Federal de Contabilidade. De onde me encontro tenho a visão do o Lago Paranoá, paisagem comum aos Presidentes (agora, mais que nunca, é próprio escrever no plural …) com os quais compartilho essa vista. . Sinto ímpetos de abrir a janela e, lembrando Arquimedes, gritar aos céus (por sinal, coberto com nuvens negras … nada mais apropriado …): Eureka!!!!!! Eureka!!!!!!! torcendo para que os deuses me ouçam, pois ainda há tempo de uma ação divina que faça prevalecer o bom senso e mostre que as matérias que assisto são apenas um pesadelo.

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