Caminhos Verdes para a Paz
Neste mês de setembro, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, a convite do Conselho Empresarial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a Dra. Inguelore Scheunemannintroduziu o tema GestãoIntegrada do Território,afirmando: “A realidade é sempre integrada, é uma só. São asintervenções humanas que podem ser desarticuladas, e muitas vezessão!”
O ser humano é parte integrante da Natureza, afirma a Declaração dos Direitos do Homem ao Saneamento e Meio Ambiente, aprovada em Goiânia durante o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Por ser assim, a criatura – o Ser Humano – deveria viver em equilíbrio com a Natureza – a sua criadora. No entanto, o que se vê ao longo da história da Humanidade é a permanente tendência ao conflito, à beligerância, e à quebra de condições sociais e ambientais para que impere a paz e o convívio harmônico entre semelhantes.
Então, para que se pensem quais sejam os caminhos verdes para a paz, é necessário fazer uma rápida regressão na trajetória da civilização até os dias de hoje e pensar nas principais ocorrências que marcaram essa magnifica jornada de vida e progresso.
Descobertas realizadas por arqueólogos estadunidenses e alemães desde 1964 asseguram que Göbekli Tepe, região localizada na Turquia próxima à fronteira com a Siria, é o marco inicial da civilização humana. Ali, povos pré-históricos teriam contemplado rebanhos de gazelas e outros animais selvagens, rios mansos que atraiam gansos e patos migratórios.
“Esta área era como um paraíso”, diz o professor Klaus Schmidt, do Instituto Arqueológico Alemão.
Impossível estimar quantos indivíduos viveram em Göbekli Tepe. No entanto, o Relatório divulgado em 2.011 pelo Fundo de População das Nações Unidas estima que somente em 1.800 da era Cristã a Humanidade tenha atingido a casa do primeiro bilhão de habitantes.
Assim, pode-se concluir que o ser humano levou seguramente mais de 10.800 anos para formar a primeira “familia global” com 1 bilhão de pessoas.
De lá para cá o que se constata no relatório da UNFPA United Nations Population Funb é um excepcional crescimento da população que permite projetar a cifra dos 9.750 mil habitantes no ano de 2.150. Essa escalada fenomenal pode ser pontuada a partir dos seguintes marcos:
Até 1.804 – 10.804 anos – 1º bilhão de habitantes
Em 1.927 – 123 anos depois – 2º bilhão
Em 1.959 – 32 anos – 3º bilhão
Em 1.974 – em 15 anos de intervalo – 4º bilhão
Em 1987 – em apenas 13 anos + 1 bilhão, o 5º
Em 1.999 – 12 anos após + 1 bilhão, o 6º
Em 2.011 – novo intervalo de 12 anos atingimos a marca dos 7 bilhões
Estudos das Nações Unidas prevêm para daqui a 19 anos, em 2.030 a casa dos 8 bilhões 110 habitantes; 20 anos adiante, em 2.050, 8bilhões 910 mil; e em 2.150, a marca histórica de 9 bilhões 750 mil seres humanos sobre a Terra.
Esses dados instigam a imaginar como suprir as necessidades desse fabuloso contingente populacional.
· Como possibilitar o acesso à água potável, assegurando saúde elementar a todos?
· Como suprir de energia a demanda decorrente e propiciar condições de desenvolvimento econômico, reduzindo os desequilíbrios entre ricos e miseráveis?
· Como alimentar essa colossal população, afastando-a da fome?
· Como formar as novas gerações com educação básica, elimando as causas de desigualdades tão gritantes como as que hoje são identificadas?
· Como reduzir os impactos do crescimento populacional sobre a Natureza, permitindo uma nova e adequada pegada ecológica em todas as regiões?
Essas indagações são parte do incentivo proposto pela Governadora Alice Cavalieri neste Fórum: como construir “os caminhos verdes para a paz”?
Se por seu lado a população mundial cresceu nessas proporções, também é sabido que vários fatores impactaram de forma negativa a vida humana. Fenômenos e catástrofes naturais, epidemias, conflitos bélicos e ações de genocidas foram algumas dessas ocorrências que trouxeram grandes baixas, dizimando por vezes a civilização em várias épocas.
Durante a Rio 92 o conceito do desenvolvimento sustentável foi determinado como um norte a orientar o rumo: aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das das gerações futuras.
Rotary International foi protagonista daquele encontro quando o brasileiro Paulo Viriato Correa da Costa, Presidente 91-92 lançou o seu olhar para o futuro conclamando os Rotarianos de todo o mundo com o programa: Salve o Planeta Terra, alerta lançado num gesto de pioneirismo dentre as organizações formadas por profissionais e empresários de abrangência global que buscam edificar a paz e a compreensão.
Naquele momento histórico no Parque do Flamengo e no Rio Centro, os palcos utilizados pelas Organizações Não Governamentais de um lado e pelos Governos constituídos de outro, representantes dos mais variados segmentos sociais e políticos firmaram a Agenda 21, quando a Carta da Terra foi divulgada e mais adiante ratificada pelas Nações Unidas em 2.002:
“Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher seu futuro.
À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas.
Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz.
Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações” (Carta da terra)
Em 2002 o WWF World Wilde Fund estimava que o homem consumisse 20% a mais de recursos naturais do que a Natureza era capaz de repor. Passados 20 anos, na Rio+20 o Diretor-Geral desse mesmo organismo Jim Leape afirmou: “Estamos vivendo como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição. Estamos usando 50% mais recursos do que a Terra pode produzir de forma sustentável e a menos que mudemos o curso, este número crescerá rápido. Em 2030, mesmo dois planetas não serão suficientes“. Será possível suportar essa onda crescente?
Os meios de divulgação há anos vêm dando espaço cada vez maior a notícias sobre os impactos desse modelo de desenvolvimento sobre a Natureza: aquecimento global, degelo de camadas polares, mudanças climáticas extremas, inundações, furacões em áreas aonde esse fênomeno jamais havia ocorrido, deslizamentos e desmoronamentos, elevação do nível dos mares, são termos que já fazem parte da linguagem popular em todos os idiomas. Mas, mesmo assim, o modelo de desenvolvimento que se torna a aspiração dos países em desenvolvimento é o mesmo até então adotado pelos “países do primeiro mundo”, cujo padrão de conumo de recursos naturais se mostra inexequível e indesejado.
Qual será, então, o papel da atual e das novas gerações, justamentepara garantir que a teoria do Desenvolvimento Sustentável seja colocada em prática?
A resposta é uma mudança gradual, porém urgente e decisiva de atitude diante do padrão de desenvolvimento que se precisa ter desde já, imediata e prioritariamente em todos os setores.
Nesse campo se destaca o papel do Rotary Construindo o futuro, com ação e visão como propõe o argentino Luis Vicente Giay, Presidente no período 96-97. Voltando-se para o futuro-presente, Giay foi taxativo ao firmar o papel das Novas Gerações na marcha para a perenidade.
Mas, qual será a missão daqueles atualmente mais jovens? Afinal, a cada dia amadurecem e são sucedidos por novos contingentes com outra mentalidade … Essa será, então, a diferença: mentalidade e práticas mais adequadas do que as até aqui adotadas pela Humanidade.
Na visão dos Rotarianos serão os cidadãos cada vez mais comprometidos com a busca de condutas equilibradas, quer em suas vidas familiares, quer em suas atividades profissionais e empresariais, que farão a diferença.
Afinal, o caráter do Rotariano se coaduna com a máxima deMahatma Gandhi: ser a mudança que se deseja ver no mundo!
O Programa de Intercâmbio Internacional de Jovens mantido pelo Rotary há décadas semeia Embaixadores da Paz por todos os Continentes. Jovens que vivenciam experiências diferentes de suas culturas e que retornam a seus lares com a semente da mudança necessária em suas vidas e de suas comunidades.
Interact e Rotaract, jovens Companheiros dos Rotarianos no trabalho voluntário, agem efetivamente como fazem quando promovem com alegria, por exemplo, o plantio de Árvores da Amizade por todos os cantos.
Esses e todos os outros jovens nos quais o Rotary investe, como os Bolsistas Rotary para a Paz, os membros do Programa de Intercâmbio de Estudos e muitos mais, farão a diferença como futuros empresários e profissionais adequando os padrões de consumo em seus hábitos pessoais, em seus lares, em suas empresas, em suas comunidades, fazendo a sinergia global tão necessária.
Neste Pão de Açucar, ícone que projeta favoravelmente a Cidade Maravilhosa por todo o Mundo, ocorreu a primeira manifestação dos portugueses que aqui aportaram para que pudessem superar as adversidades de sua sobrevivência, com a perfuração do poço junto ao Morro Cara de Cão.
Daqui rumaram na direção do que hoje conhecemos como Centro da Cidade para se aproximarem de uma fonte generosa de água doce e desde então conquistaram o gentílio daqueles que nascem nesta Capital:
Cariocas (Cari = homem branco + Oca = casa).
Hoje, seis milhões de cariocas se abastecem de outra fonte igualmente generosa de água doce, o Rio Paraíba do Sul, distante mais de cem quilometros e que sofre as consequências de sua poluição.
Como resolver a demanda crescente nessas condições? Certamente são necessárias mudanças urgentes como o uso racional da água potável, a coleta da água de chuva e o reaproveitamento da água servida para atividades secundárias … ou mesmo a dissalinização da água do mar, com estações de tratamento dessa adundante fonte: o oceano.
A geração de energia, hoje baseada na queima de mineirais fósseis e que no Brasil conta a contribuição da energia gerada pelas fontes hídricas, tem em tecnologias limpas novas fontes, como a eólica produzida a partir dos ventos, ou a gerada pelas ondas das marés.
Lidar com dejetos precisa de outras práticas. Redução da sua produção, reciclagem de materiais, compostagem dos resíduos orgânicos, produção de energia pela queima do lixo remanescente, são algumas das mudanças necessárias.
O disperdício tão arraigado em todos os setores precisa ser substituído pelo uso racional dos recursos. Do alimento consumido à mesa, à produção industrial, tudo precisa ser repensado.
E, como afirma a Dra. Inguilore é preciso rearticular as intervenções humanas e a principal mudança deve ser a da inserção da cultura como um quarto pilar para o desenvolvimento sustentável em reforço ao tripé aceito desde a Rio 92 (fatores economicos, sociais e ambientais), compondo então da Gestão Integrada do Território uma grande tendência para a mitigação dos efeitos da ação do homem sobre a Natureza.
Altemar Dutra nos inspira na entrada da Primavera:
Vê, estão voltando as flores;
vê, nessa manhã tão linda;
vê, como é bonita a vida;
vê, há esperança ainda.
Vê, as nuvens vão passando;
vê, um novo céu se abrindo;
vê, o sol iluminando,
por onde nós vamos indo.
O estadunidense Richard King, Presidente 01-02 afirma: A Humanidade é a Nossa Missão. E toda a família rotária saberá dar conta desse legado.
Saberemos nos inspirar em Sadako Sassaki, menina vitimada pela bomba de Hiroshima, que com suas 646 dobraduras de papel em forma de Tsurus, acabou por fazer com que se edificasse o Monumento das Crianças à Paz – a Torre dos Tsurus, onde se lê: Este é o nosso grito, esta é a nossa oração. Paz na Terra!
Saberemos mostrar o quanto o cidadão japonês Sakuji Tanaka,Presidente 12-13 do Rotary International, está correto ao inspirar a todos a serem para sempre perseverantes na construção da Paz através do Servir.
Joper Padrão do Espirito Santo