A Beterraba, a Geosmina e a Verdade dos Fatos
Na tarde de quinta-feira, 06 de fevereiro, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES exerceu sua melhor vocação – promover o debate técnico-científico sobre assuntos relacionados ao saneamento ambiental e de interesse da sociedade – colocando a qualidade da água fornecida à população da Capital e mais 6 cidades da Baixada Fluminense como tema central de uma Webinar. Presentes, o Presidente da CEDAE (acompanhando de Diretor e Assessores da Companhia), a Sub Secretaria de Recursos Hídricos e Sustentabilidade da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, a representante do Comitê Guandu, do representante da AGENERSA – Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro, o Presidente da Seção Rio de Janeiro da ABES e eu ,que lá estava representando a Diretoria Nacional da Associação.
O encontro contou com mais de 100 pessoas de vários Estados no chat pela Internet e durou mais de 2 horas. Após uma exposição institucional do Presidente da CEDAE, os participantes mantiveram profícua interação sobre o tema central – a qualidade da água e suas condições para consumo humano. A dinâmica foi séria e proveitosa como de costume da ABES ao longo de suas mais de 5 décadas de experiência.
No entanto, a maior Rede de televisão do País, ao veicular a matéria, destacou aspectos que merecem ser analisados. Por exemplo, quando em tom de ironia (esse é o melhor termo que me ocorre) edita a fala do Gerente de Qualidade da Água da CEDAE ao destacar o trecho em que menciona que a água tem sabor e aroma. E tem! Ou será que nunca foi percebido o cloro na água fornecida? Da mesma forma quando trata do sugestionamento das pessoas. Eu próprio mencionei esse aspecto, mas a fala do Gerente é que teve destaque. Certamente ele é o técnico responsável, mas por que tratar a sua participação sem o merecido respeito?
Num outro ponto da matéria, é destacada a fala da Subsecretária de Recursos Hídricos e Saneamento quando mencionou a beterraba e a geosmina. Pois bem, a título de esclarecimento aos interessados, vale dizer: “a geosmina também está presente na beterraba e nos peixes, e é a responsável por introduzir nesses alimentos o cheiro e o gosto”. O que foi dito é sério e verdadeiro. No entanto, a edição parece ter sido feita para propositalmente tentar ridicularizar a fala da técnica.
(vide https://escolakids.uol.com.br/ciencias/cheiro-de-terra-molhada.htm )
Num raro momento de descontração, eu incentivei a representante do Comitê Guandu a juntar-se a todos ao ingerir a água da casa. Sim, porque a água servida aos participantes, era água do serviço público; água de boa qualidade e com padrões de potabilidade que garantem a boa saúde humana. Esse rápido instante foi o bastante para que os espectadores do tele jornal ouvissem de dois repórteres algo como: ” O bom humor dos participantes contrastou com o péssimo estado da estação de tratamento do Guandu” e “Será que é hora de fazer graça?
As pessoas que me conhecem sabem o quanto defendo e respeito a livre imprensa, o quanto lido com naturalidade com a pluralidade de opiniões, opções e comportamentos. Contudo, e parafraseando as falas dos repórteres, eu indago: A zombaria das matérias veiculadas estará de acordo com a seriedade de um grande veículo de comunicação? Será hora de fazer graça? Deixem essa parte para os chargistas. Mas façam jornalismo com o respeito que a sociedade e o tema em questão merecem.
Diante de tudo isso percebo, curiosamente, que muitos dos cariocas que estão criticando a Operadora dos serviços de saneamento, que estão com dúvidas (e confusos) sobre a qualidade da água fornecida e comprando água mineral como se isso fosse a redenção de todos os pecados, perderam a chance de se plugar na Webinar. Talvez por estarem muito ocupados; talvez por deixarem de ter sido comunicados apropriadamente da Webinar; talvez por ser mais fácil criticar a Operadora e desacreditar a qualidade da água, do que ter informação confiável. Um pouco de cada, um pouco de tudo.
De minha parte me mantenho consumindo a “água da casa” sem medos ou receios, e à disposição dos interessados para a troca de informações que nos permita melhor conhecimento da realidade. Basta de falsas informações ou de alarmismos inconcebíveis. A História há de nos dizer, no futuro próximo, qual a real intenção por trás dessas atitudes que só confundem o cidadão comum.
Joper Padrão
Excelente texto, Joper!
Ajuda a esclarecer sobre o problema e dá uma merecida resposta aos críticos oportunistas, incluindo a rede que publicou trechos “caprichosamente” escolhidos da matéria sobre o evento.
Parabéns!
Espetacular análise, Dr. Joper!…a informação que deveria ser coisa muito séria passou a ser uma brincadeira irresponsável nas mãos de insistentes poderosos que se esquecem por outros interesses do verdadeiro sentido jornalístico e o bem coletivo a frente!…obrigado pela chance de nos esclarecermos já que a grande mídia está abrindo mão de seu papel tão fundamental…forte abraço…
Amigo Joper, Parabéns pelo texto elucidativo e de interesse público, como sempre. Eu nunca parei de beber “água da casa”, nem quando surgiu esse assunto da água no Rio. Nao só bebo como incentivo à beber. Uma pena que parte da mídia convencional “esqueceu” de fazer jornalismo com isenção e sem interesse. Ainda bem que hoje existem as mídias sociais. Aprecio a sua coragem de abordar temas polêmicos e de interesse para a população. Não desista. Precisamos de pessoas como você. Fique com Deus. Forte abraço, Chico
Excelente texto. Já estava me sentindo esquisita nesse contexto, pois até hoje não comprei uma garrafa de água mineral.
Amigo Joper,
Infelizmente a imprensa vive na total inversão de valores, com edições para gerar o caos, isso nos mostra o quanto a imprensa precisa melhorar, salvo rara excessão.
Parabéns pelo seu texto e por passar confiança e credibilidade a população.
Grande abraço.
De Itamar da Conceição da Silva (pelo whatsApp): Bom dia meu mestre Joper Padrão, ótima sua matéria, muito séria e esclarecedora.
Confio muito em você, és um profissional que sempre retratou a verdade desde dos áureos tempos que lhe conheci no Rotary…
Parabéns por sua matéria…
Bom dia, meu querido Governador Joper Padrão, não temos a menor dúvida das suas afirmações que o tratamento dado as águas que são distraídas está dentro dos parâmetros internacionais de confiabilidade. A famosa Geosmina , presente na Beterraba, é a grande vilã. A imprensa brasileira está sempre buscando polêmicas e não focando as verdades ditas. Vejo como salutar esse imbróglio criado, pois as nossas autoridades só agem quando são provocadas. Há quantas décadas é denunciada a falta de investimentos no tratamento dos esgotos? As margens do Rio Guandu tem de tudo inclusive água. A sociedade hoje está buscando melhores informações, está cumprindo o seu papel de cobrar, a imprensa apesar de ser tendenciosa tem um papel muito relevante de fiscalizar se as ações prometidas estão ou foram compridas. Dou também muitas razões para se desconfiar de grandes interesses de grupos que querem se apoderar da CEDAE, pagando um preço com grande desvalorização.
Grande verdade
De Zenilda Rodrigues da Silva (pelo WhatsApp) Bom dia amigo e Governador Joper, não tenho nenhuma duvida tudo o quanto você esclareceu sobre a água fornecida pela Cedae, acredito que o tratamento esta sendo o melhor possível, consumo a água não tive problema algum; agora acho que existe uma mídia que é uma rede de TV, que esta alarmando desde o inicio a população sobre a água, esta existindo algo politicamente atrás disso
Mas foi muito boa a sua fala, desmistificando a chacota da TV, parabéns, Deus é contigo. zenilda.rodrigues.dasilva@gmail.com.
De Christina Roffer (pelo WhatsApp): Parabéns pelo excelente texto!
NAda melhor que alguém culto e confiável para nos transmitir um esclarecimento desta qualidade.
Eu, particularmente, não tenho enchido os bolsos dos comerciantes, comprando água mineral. Em meu prédio a água não está turva, nem com cheiro e nem paladar ruim. Tenho fervido a água que pego do filtro e o síndico tem feito limpeza nas caixas d´água semanalmente.
Há um alarde absurdo sobre esse problema da água. sabemos que a autoria requer maiores cuidados no que se refere às suas intenções. Uma melhor higiene seria bem vinda. Porém nada de alarmes ou deboches.
GLOBO LIXO!
E preciso lembrar que os soldados quando em manobras, não encontram água potável. Simplesmente jogam iodo nas poças imundas e bebem dessa água para sua sobrevivência. E não morrem por isso. Meu irmão, militar do Exército, passou por isso e está vivo até hoje é com muita saúde!
Parabéns Joper !
Parabéns pela brilhante postura diante de assunto tão sério e que infelizmente tratado de maneira inconsequente.
De Adriano Gama (postado no LinkedIn): Joper Padrão do Espírito Santo, MBA ..li seu artigo. Você é reconhecido por ser um grande palestrante…aliás, um dos melhores que já vi; bem como, seus artigos são consistentes e coerentes…claro que você tem razão em querer informar a população…isto é o papel da própria ABES. Eu também, fui procurado pela imprensa; especialistas e até políticos. Para todos, tive o cuidado de falar a VERDADE (claro, com forma simples de entendimento), para oferecer uma explicação simplória e que fosse de fácil compreensão à população.
Sei também da Geosmina na beterraba…daqui há alguns anos, certamente, aparecerá algum estudo científico dizendo se o consumo da beterraba faz mal ou não, e até que quantidade pode ser consumida ao longo da vida…
No evento, faltou-lhes uma pergunta:
Sabe…o odor e gosto vem da Geosmina; a Geosmina vem das algas; as algas encontram-se na lagoa; a remoção das algas ocorre com o procedimento conhecido como “descarga”…..a pergunta que não quer calar: porque não foi realizado o protocolo, de forma peremptória?…em menos de 24 horas já estaria resolvido e a população não teria este dissabor todo…
Minha admiração e meu abraço
De Tatiana Bastos (postado no Linkedin): Temos um conjunto de fatores que incluem a inépcia dos dirigentes da CEDAE de explicar o problema à população até a ausência de transparência efetiva de todos os órgãos responsáveis pela fiscalização (vigilância sanitária e saúde, principalmente) e da própria CEDAE.
Estamos alarmados e uma população com receio geralmente não toma as melhores decisões.
Todos perdemos com a falta de informação confiável e, certamente, a fonte dos testes não pode ser única.
O que fazer? Investir em dados, testes, repositórios de informações, entre outros. Possibilitar que estudiosos de todo o mundo tenham acesso on line dos testes da água.
Será que a água, que geralmente é exemplo de transparência, passa no teste? (editado)
De D´Artagnam Gomes (postado no LinkedIn): Que a CEDAE como todo o estado do Rio de Janeiro está em dificuldades por falta de recursos , nos parece que é de concordância de muitos , que na CEDAE se tem profissionais e equipe de grande envergadura , como aliás se encontra na grande maioria das estatais de saneamento , também não nos parece haver contestação, de modo que a variável que merece ser estudada nesta equação é o GOVERNO , neste caso , neófito , inexperiente . “Se tens que lidar com água, consulta primeiro a experiência, depois a razão”.
Leonardo da Vinci
De : [8:38 AM, 09/02/2020] Andre Luiz (pelo whatsApp): Esclarecedor, no mínimo. Excelente texto!
Bom texto para criticar jornalismo seja lá de quem for. O fato é que a água fornecida apresenta cheiro e gosto fora dos padrões da água, até então, fornecida aos cariocas. Além disso, não há nenhum laudo atestando a potabilidade da água e ausêcia de qualquer patógeno que possa vir comprometer a saúde dos consumidores. Por fim, esse artigo também não forneceu nenhuma nova informação que garanta que a água voltará aos padrões anteriores. Relativizar dizendo que a beterraba também tem geosmina parece dizer que a água fornecida pela Cedae, a partir desse evento, sempre terá geosmina como se fosse algo normal.
Lamentável criar conflito entre Cedae e imprensa ao invés de resolver o problema.
Cara Andreia. Veja o vídeo da Webinar para conhecer como o tema foi tratado. Quanto aos laudos, existem os do INEA (veja o site do Instituto) e da Vigilância Sanitária da Prefeitura do Rio de Janeiro, além dos da própria CEDAE.
Realmente são tantos os comentários nas redes sociais e na imprensa e muitos se aproveitam para tentar colocar mais pânico na população. Entendo que devemos nos cuidar, mas acredito que os problemas estao sendo resolvidos.