Navegar é preciso, expandir também!
“Navigare necesse; vivere non est necesse” frase atribuída a Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra.
Fernando Pessoa, inspirado em Pompeu, ditou em seus versos: Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a(minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
Mais adiante, Caetano compôs Os Argonautas. A letra dessa canção me dizia: a viagem é mais importante do que a chegada ao porto. O porto, nada; o porto, silencio, segundo Caetano Veloso.
A criação de novos Rotary Clubs é uma das atividades atribuídas ao Governador de Distrito e que dependem diretamente de seu entusiasmo, de seu empenho pessoal, para que a expansão distrital de fato aconteça.
Na fase de planejamento, no início de 2001, ficou evidente que a dinâmica até então evidenciava uma sequência esporádica. Num determinado período era inaugurado um Clube. Em seguida, passavam-se um ou dois períodos sem nenhuma nova estrela na constelação distrital. Ao meu jeito eu disse que a criação de novos clubes lembrava soluços …
Para enfrentar essa cultura, decidimos investir no aumento do grupo de clubes em 10% em um só ano. Usando a linguagem empresarial, estaríamos empenhados em criar 7 novas unidades de atendimento à sociedade. O Distrito 4570 tinha, até então, 67 (seriam mesmo 67 ???) Rotary Clubs. O levantamento das possibilidades nos indicava fomentar a cobertura das seguintes áreas: Barra da Tijuca (num condomínio), Vasco da Gama (um bairro recém-criado na Capital), Botafogo (num shopping center), Maracanã (entre Tijuca e Rio Comprido), Centro da Cidade (entre Lapa e Castelo), Xerém (um Distrito de Duque de Caxias) e Realengo (próximo a Bangu e Campo Grande).
Um ato de ousadia e coragem, mas fundamentado em estudo de viabilidade e propostas de alguns companheiros consultados a respeito dessa intenção.
A escolha dos Representantes Especiais do Governador era o próximo passo. E assim foram seduzidos para o projeto de expansão companheiros que acreditavam na empreitada. + Gil Pinto Loja, do Rotary do Grajau logo se alinhou com o projeto do Rotary Sernambetiba, a partir do Condomínio Alfa Barra; Mauricio da Costa, do Rotary São Cristóvão aceitou o desafio do Vasco da Gama, com a tradição do Estádio de São Januário; Américo Mateus Florentino, do Rotary da Urca, se comprometeu em criar o pioneiro Rio Sul, o primeiro num Shopping Center; Sebastião Porto, do Rotary SAARA, se empolgou em criar o Maracanã, valendo-se do Estádio de Futebol como eixo; David Ferreira, do Rotary Rio Comprido, dedicando-se ao Lapa- Castelo, tendo a Associação Cristã de Moços como polo; + Elias Medeiros, do Rotary de Irajá, se entusiasmou em criar o clube em Xerém, localidade em que tinha um sítio; e + Pedro Tayar, empresário experiente na região de Realengo se apresentou para enfrentar esse desafio.
O estímulo às equipes de fundação seria reforçado nos discursos nas Visitas Oficiais. Sabíamos que ao longo da jornada, algumas iniciativas iriam prosperar; outras nem tanto. Na jornada precisaríamos substituir alguns projetos por outros que se mostrassem mais prováveis. E assim foi feito.
O Rotary Sernambetiba, fruto da visão do Governador 2001-2002 + George Pinheiro, do Rotary de Club de Rio Branco – Penápolis, do Distrito 4720, se mostrava pleno em sua formação. Na mesma linha, o Rotary Maracanã.
Novas unidades se mostraram viáveis. Assim foram os Rotary de Olaria e os de Nova Iguaçu Maxambomba e Posse.
Uma informação do Escritório do Rotary no Brasil RIBO, nos surpreendeu e exigiu esforço para a recriação de um Clube tradicional, o Rotary da Pavuna. Numa ligação telefônica, fui indagado: Governador, como vão os 66 Clubes do Distrito 4570 ? Percebendo a provocação, prontamente respondi Os 67 Clubes vão bem. Sutilmente, a pergunta foi repetida pois o Distrito considerava em Cartas Mensais de antecessores como o Rotary da Pavuna ativo, embora tivesse sido excluído por Rotary International há mais de 2 anos. Ou seja, eram 66 e por aqui, graças ao apoio irrestrito da Presidente + Zenilda Rodrigues da Silva, arregaçamos as mangas e nos dispusemos a admissão de novos companheiros de modo a atingirmos o contingente de 25 Rotarianos para a refundação do Clube.
Já o Rotary de Xerém, mesmo com total empenho do Representante Especial e dos Clubes pardinhos, encontrou resistência numa liderança política da localidade. O pretenso “dono do latifúndio” (mais tarde Prefeito de Duque de Caxias) dificultou o quanto pode o nosso empenho e, após 6 meses de incansáveis idas àquele Distrito da Cidade da Baixada Fluminense para as reuniões semanais, o projeto se mostrou inviável levando a ser abandonado todo o esforço.
Nessa dinâmica, os projetos de fundação dos clubes Vasco da Gama, Rio Sul, Lapa- Castelo, Realengo e Xerém foram substituídos por Pavuna, Olaria, Nova Iguaçu – Posse e Nova Iguaçu – Maxamboma, além dos bem-sucedidos esforços para a fundação do Sernambetiba e Maracanã. Tivemos, então, o crescimento da constelação de 66 clubes em 6 novas unidades, ou seja expansão de 9%. Nada mal.
A viagem chegava ao fim com o sabor de ter se mostrado que navegar é preciso, no sentido de ser necessário. Conseguimos o feito. O por-fazer, seria só com Deus!
Perfeito Joper
Todo esforço e válido para mantermos os clubes ativos, porém creio q não precisamos cassar as borboletas, importante e melhorar nosso jardim p q as borboletas vemham
Gostei muito do comentário do Sr. Ronaldo Carneiro. O Rotary Club da Tijuca é intensamente bom pra valer!!!
Parabéns professor!
Belo e necessário exemplo.
Vou além. A continuidade de nossa organização depende de sua expanção. Como foi citado, uma responsabilidade do Governador. A cada um dos 31 que temos no Brasil, deveria se esperar o crescimento real mínimo de 1 clube em seu mandato. Seria o míinimo para o dever cumprido de um líder distrital.
Forte abraço.
Gostei muito legal
Excelente governador Joper. Um aprendizado, certamente, e um legado para todos nós. Parabéns.
Crônica histórica , para, em reunião com as outras que temos lido, editar um livro de interesse público. Obrigado.
De Jorge Migon (via Linkedin): Joper caro amigo. “Navegar é preciso, expandir também” Tal pensamento me leva a voltar algumas décadas, quando aos 18 anos me tornei um Oficial de Náutica pela EFOMM. Hoje, penso e reflito, porquê não segui na carreira que foi a minha primeira experiência? E ao mesmo tempo, respondo não me arrependo de nada. Resolvi fazer concurso para uma empresa de Economia Mixta e, unindo todo o aprendizado da Marinha, fiz minha carreira com solidez e muito aprendizado! Na Marinha tínhamos uma máxima ” O Mar chama pra si todas as pessoas, um dia chamará voce”. Hoje ainda contribuindo com os conhecimentos apreendidos, sinto que posso fazer mais! Os desafios é o que me move a cada dia aprender mais! A vida é nos concedida por Deus, para compartilhar o melhor de nós! Um forte abraço.
O navegador precisa do mar, de uma direção, mesmo que todos caminhos levem ao mesmo lugar.
Seu relato Co Joper, permeado por referências culturais ricas e uma narrativa de liderança e desafio, revela a complexidade e a importância da expansão do Rotary Club no Distrito 4570. A menção inicial a Fernando Pessoa e Caetano Veloso, figuras emblemáticas da literatura e música, respectivamente, estabelece um tom de inspiração e profundidade ao abordar a questão da criação e da jornada em si, mais do que a chegada a um destino final. Essa escolha retórica não só enriquece o discurso, mas também alinha a missão de expandir os Rotary Clubs a um propósito maior: o de criar, inovar e impactar positivamente as comunidades.
O processo de expansão descrito por você é um testemunho de planejamento estratégico, determinação e adaptabilidade. A meta ambiciosa de aumentar o número de clubes em 10% em um único ano mostra um claro entendimento da importância de crescer e se adaptar para aumentar o impacto do Rotary. A seleção cuidadosa de locais para os novos clubes, o estudo de viabilidade e a escolha dos Representantes Especiais do Governador refletem uma abordagem metódica e pensativa para garantir que o crescimento seja sustentável e benéfico.
Os desafios enfrentados durante a expansão, desde a resistência local em Xerém até a necessidade de recriar o Rotary da Pavuna, ilustram os obstáculos inerentes a qualquer esforço de crescimento. No entanto, a capacidade de adaptar-se, substituindo projetos menos viáveis por outros com maior potencial de sucesso, e a persistência em alcançar os objetivos, mesmo diante de dificuldades, são lições valiosas de liderança e compromisso com a causa. O resultado final, uma expansão de quase 9%, não apenas quantifica o sucesso do projeto, mas também reforça a mensagem de que a jornada, com seus altos e baixos, é onde o verdadeiro valor é encontrado. Este relato não é apenas a história de um projeto de expansão; é uma inspiração para todos aqueles que buscam fazer a diferença através do serviço e da liderança. Parabéns!
Mestre Joper o seu texto destaca a importância de navegar, expandir e criar, bem como o papel dos Rotary Clubs na promoção desses valores e na construção de um mundo melhor1. É uma reflexão inspiradora sobre o propósito e o impacto que podemos ter em nossa jornada pela vida.
Recebo com muito orgulho mais esse maravilhoso presente do incansável Co. Gov. Joper Padrão.
Entre o abraço da chegada e o da partida, o tempo parece-me sempre tão curto, embora seja o suficiente para tantos novos aprendizados!
Obrigado, Mestre!