Finanças – Com final feliz
A administração das finanças de um período de Governadoria tem início com a apresentação aos Rotary Clubs da proposta do orçamento distrital, da qual resulta o valor da contribuição per capita de cada clube para o cumprimento das despesas inexoráveis como a edição do Guia Distrital, a organização de eventos, e os investimentos para a Conferência Distrital.
Em 2001 a proposta orçamentária havia sido enviada previamente à apreciação dos clubes. Era, então, chegada a hora da Assembleia em que os Presidentes manifestariam as considerações de seus clubes, resultando desse encontro aprovação do orçamento para o período, o que aconteceria em encontro paralelo à Assembleia Distrital.
E assim foi a preparação para a reunião realizada em sala especialmente preparada no Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo CIASG, do Corpo de Fuzileiros Navais, na Ilha do Governador. Reúnião iniciada, uma surpresa acontece. Um Presidente levanta uma primeira arguição, no que é acompanhado por alguns outros poucos Presidentes, numa visível articulação contrária à proposta do Governador.
Foi quando uma segunda surpresa ocorre. Ao fundo da sala, um Presidente se ergue, levanta a sua voz e conclama a todos que cessem qualquer tipo de articulação contrária, aprovando por aclamação a proposta que era apresentada. Tratava-se de um homem forte, de elevada estatura, postura calma mas convincente. Era o presidente do Rotary da Penha, Luiz Carlos de Alencar Azzi, que com sua a atitude neutralizava aquela aparente articulação de uns poucos que preferiam usar aquele momento para demonstrar a sua oposição ao Governador eleito. Afinal, alguns clubes haviam votado em outro candidato. A oposição era, pois, possível de acontecer naquele momento. Por aclamação o Orçamento foi aprovado. Que bom para todos.
Na composição da Equipe da Governadoria, levou-se em conta a experiência de cada Companheiro, não só na atividade que lhe seria incumbida como, especialmente, na postura dos líderes de Comissões em suas trajetórias em Rotary. Assim foi, por exemplo, no convite ao Tesoureiro Distrital. O companheiro + Dagles Fernandes Barbosa, transferido após presidir o Rotary do Leblon para o Rotary da Tijuca, bairro em que então residia, meu afilhado, Coronel da reserva do Exército, que havia servido como Adido Militar na Alemanha, experiente, era autêntica unanimidade no Distrito. Simpático, amável, respeitado, admirado, um homem doce no relacionamento social e querido por todos
Competência e austeridade seria o binômio a nos conduzir na administração das finanças. E assim demos início ao período, com a cobrança da per capita da governadoria em oito parcelas, vincendas em meses alternados com as per capita de Rotary International. Tudo planejado e ajustado com todos.
Os Rotary Clubs haviam organizado suas finanças e mantinham seus compromissos em dia até que por ocasião do vencimento da quinta cota um único Clube resolveu se insurgir, como havia feito na reunião de votação do orçamento, informando ao Governador, por intermédio de um seus companheiros, que deixaria de pagar as três cotas per capita então vincendas.
O porta-voz escolhido foi, nada mais, nada menos, que um dos Governadores Assistentes, que se via constrangido ao comunicar tal decisão. Se nossa compreensão era, como sempre será, de que a causa de Rotary é paz e compreensão, tivemos a decisão de evitar a armadilha da formação de um conflito. Disse eu então, aquietando o Companheiro Governador Assistente: Vamos deixar a evolução da gestão das finanças do Distrito acontecer. Vamos dar tempo ao tempo, e tudo há de se resolver.
Passado o tempo e finda a Conferência Distrital, é hora de apurar as contas. Gastos e receitas contabilizados, viu-se que o resultado era positivo com uma margem superavitária equivalente ao valor de três cotas per capita arrecadadas. Pronto! O problema daquele Clube insurgente estava então resolvido por si próprio.
O Tesoureiro Distrital e o Governador decidiriam, então, algo inédito. O valor equivalente a três cotas pagas seria devolvido a cada Clube. Houve quem sugerisse que o saldo positivo fosse transferido à Fundação Rotária em nome do Distrito, o que de pronto foi recusado. Se algum Clube pagou, e houve sobra, esta sobra devia ser necessariamente devolvida à unidade que por ela contribuiu. Um final feliz se avizinhava. E assim foi feito. De forma pioneira a Governadoria devolveu a cada Clube três das oito cotas pagas durante o período 2001-2002. E que cada Clube destinasse esse valor de acordo com a decisão de cada Conselho Diretor.
Restava, então, uma visita cordial ao clube que havia decidido confrontar a Governadoria. Nessa visita, pedindo ao Presidente que me concedesse o uso da palavra na tribuna de seu clube, lá agradeci a colaboração de todos e informei que graças à boa administração das finanças sob a responsabilidade do Tesoureiro Dagles, estávamos devolvendo três cotas a cada clube. E, no caso específico daquele clube, que me acolhia naquela noite, considerávamos, então, as contas quites. Ou seja nem o Clube devia as três cotas à Governadoria, nem a Governadoria necessitava fazer a devolução das três parcelas que haviam ficado pendentes de pagamento.
Todos ficamos aliviados com o transcurso natural dos acontecimentos e a harmonia prevaleceu em nossas relações de companheirismo.
Mais tarde as contas foram submetidas à análise de uma empresa de auditoria independente – a Indep Auditores, de notório reconhecimento no mercado nacional, recebendo o Parecer favorável, sem qualquer restrição à sua aprovação pela Assembleia de Delegados, o que ocorreu pela unanimidade dos presentes na Conferência Distrital de 2002-2003.
O sucesso da gestão das finanças do Distrito no período 2001-2002 foi alicerçada em alguns pilares como: na competência dos gestores; na disciplina da aplicação dos recursos; no exemplo de cada um dos membros da equipe da Governadoria arcando com suas próprias despesas; na captação de patrocínios; e, acima de tudo, no apoio irrestrito de todos os Presidentes e Companheiros dos Clubes desde a memorável reunião de aprovação do orçamento, até o derradeiro instante em que a passagem do bastão se deu ao Governador sucessor para o período 2002-2003.
Neste contexto cabe aqui render as mais sinceras homenagens e gratidão perene ao saudoso Companheiro + Dagles Fernandes Barbosa, que anonimamente demonstrou a firmeza de caráter e o mais elevado espírito rotário de colaboração para o sucesso da desafiante dinâmica da gestão das finanças distritais, assim como a todos os líderes das equipes do Distrito 4570. A todos, devoto as minhas mais calorosas saudações rotárias.
Sua narrativa Joper traz à tona uma história de gestão financeira notável no contexto do Distrito 4570 do Rotary International, abordando a importância da responsabilidade fiscal e da colaboração entre os membros. A narrativa começa com a elaboração e aprovação de um orçamento distrital, enfatizando a transparência e o envolvimento dos Rotary Clubs na definição das contribuições per capita necessárias para suportar as despesas do distrito. Este processo democrático e inclusivo estabelece o tom para uma administração financeira eficaz e participativa.
A história destaca a liderança do Tesoureiro Distrital, Dagles Fernandes Barbosa, cuja experiência e carisma desempenharam um papel chave na administração das finanças do distrito. A competência e a austeridade, descritas como elementos centrais da gestão financeira, refletem um compromisso com a eficiência e a integridade fiscal. A estratégia de cobrança das contribuições, planejada para aliviar o ônus financeiro sobre os clubes, demonstra uma abordagem ponderada e considerada para a sustentabilidade financeira do distrito.
O desfecho da gestão financeira do período 2001-2002, marcado pela devolução de três cotas per capita aos clubes, ilustra um resultado financeiro positivo que excede as expectativas. Esta decisão inédita, fundamentada na justiça e no princípio de que o excedente financeiro pertence aos clubes contribuintes, sublinha a transparência e o respeito mútuo que nortearam a administração do distrito. A visita ao clube que inicialmente desafiou o orçamento distrital, oferecendo uma resolução amigável e agradecendo a colaboração de todos, encapsula o espírito de comunidade e reconciliação.
Este relato não apenas celebra o sucesso financeiro alcançado sob a sua governadoria e a tesouraria de Dagles Fernandes Barbosa, mas também homenageia o espírito de colaboração, competência e integridade que caracterizou a gestão das finanças distritais. Através dessa história, ressalta-se a importância de lideranças comprometidas, da participação ativa dos membros e da gestão responsável dos recursos no sucesso de organizações como o Rotary International.Parabéns!
Como você mesmo diz: “exemplos arrastam”. Parabéns pela iniciativa de compartilhas a trajetória da Governadoria 2001/2002, período em que ingressei em Rotary. Para mim foi marcante de tal forma, que me perguntam sobre o meu início em Rotary, respondo que minha posse foi no período do Governador Joper.
Um forte abraço!
O acontecimento com a tesouraria do distrito 4570, no período 2001-02 realmente foi eficaz e serve de exemplo em como se administrar financeiramente um distrito de Rotary. Parabéns ao querido e saudoso companheiro Dagles Fernandes Barbosa e a você, caro governador Joper Padrão, que também foi o timoneiro para que isto acontecesse não extrapolando despesas sem necessidade obrigatória. Os esforços de vocês contemplam esta indelével marca em nosso distrito e que agora você recupera e apresenta detalhes depois de 22 anos.
Mais um “caso de sucesso”, relatado pelo nosso muito estimado Governador Joper, que ocorreu durante sua gestão na governadoria do Distrito. Um relato “atemporal” que pode e deve servir de inspiração para que o Rotary seja “um lugar para ser feliz”.
Oi Joper.
Prestação de contas com final feliz é o que todo líder quer no final de sua gestão.
E você, conseguiu, pelo que não esperava que fosse diferente.
Parabéns Joper, por mais.um.sucesao de sua gestão e bela homenagem ao querido companheiro Dagles, merecedor de tudo que foi dito .
Forte abraço!
Parabéns Mestre Joper o texto que você compartilhou descreve um momento importante na administração das finanças durante um período de Governadoria. O principal aspecto foi a aprovação do orçamento por aclamação trouxe um final feliz para esse momento importante na Governadoria. A atitude decisiva do presidente do Rotary da Penha contribuiu para a harmonia e o sucesso desse processo.
Que este exemplo esteja sempre presente os tesoureiros distritais e se esparramem pelos tesoureiros dos clubes.
De Manoel Joaquim Pito Neto (via WhatsApp): Parabéns! Excelente exemplo. Pena que não tenha sido seguido por todos.
De vez em quando acontecem fatos lamentáveis.
Administrar é arte difícil, amigo Joper. Você aliou sua conhecida diplomacia ao conhecimento técnico. O resultado positivo deveu-se, também, às escolhas feitas. A receita da administração bem-sucedida inclui a seleção criteriosa da equipe distrital. O suporte dado pelo saudoso companheiro Dagles reforçou as ações com leveza e objetividade. Como vários companheiros disseram em seus comentários, seu relato é exemploirugetes aos atuais e futuros dirigentes.