Ética e Civismo na Esfera Privada
Qual será a essência da ética? Essa pergunta instigante dá inicio ao roteiro destas reflexões: Em se tratando sobre a ética, o que será invisível aos olhos?
O pesquisador britânico James Lovelock encanta a humanidade e traz a luz do conhecimento científico com a sua hipótese de Gaia, tratando a Terra como um superorganismo vivo.
Nessa vertente, Leonardo Boff relembra a fábula-mito sobre Cuidado, atribuída a Higino, e alerta sobre a missão do ser humano saber cuidar da Mãe Terra, de Pacha Mama.
Então, considerada a importância determinante da vida plena para todos os seres, pode-se chegar a questões que contribuem para a (in) justiça social que caracteriza o mundo moderno.
As discrepâncias entre necessidades, meios e consumo, estão sintetizadas na assertiva do arquiteto Ludwig van der Roher, ao sentenciar que menos é mais.
Dai chegar-se à compreensão do papel do setor produtivo e o fortalecimento do surgente setor social como reação natural à inversão da tendência do consumismo desenfreado.
Fatos recentes nos mostram a exuberância de Códigos de ética, versus a carência da Cultura de condutas pelos seres humanos que integram as organizações.
Diante dessas circunstâncias, torna-se fácil compreender as características fundamentais entre os seres corporativos e os seres humanos, e o paralelo entre lucrar e respirar.
Assim é contextualizada a corrupção e a cultura de transgressões no mundo, no Brasil e no Rio de Janeiro.
Aproximando-nos do fecho, podemos avaliar as possibilidades de caminhos para a inversão da perversa tendência que nos afasta das práticas éticas.
Com essa narrativa conclui-se por formular um novo rumo para a sociedade, e o papel das entidades promotoras deste Seminário para pavimentar essa via com os resultados de práticas éticas na esfera privada.
ESSÊNCIA
Num certo momento, a Raposa ensina que cativar é criar laços, e afirma ao Pequeno Principe: “Eis o meu segredo. Ele é muito simples: somente vemos bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.” Saint-Exupéry pode inspirar múltiplas interpretações.
Essencial é a condição principal e indispensável, o necessário, algo que não pode faltar. Deriva do latim essentiale que se refere à essência, ou seja, a substância, a ideia principal, o que constitui a natureza íntima das coisas.
Em se tratando sobre ética, faz-nos pensar: qual será a sua essência?
Ethos significa, por tradução livre do grego, valores, hábitos, harmonia. Em sua grafia com eta designa a morada do ser, do homem e do animal em geral.
A Natureza é fonte de vida e de recursos naturais. Dela tudo deriva e tudo depende; tudo surge e a ela tudo retorna. É, portanto, o útero generoso que provê a existência do homem e dos animais, o ar que esses respiram, a água com que mitigam a sede, os vegetais com que se alimentam, os minerais que lhes provém meios de desenvolvimento.
Compreendendo ética como a morada do ser e a Natureza como seu berço, concluo que a essência da ética é a VIDA. Vida em sua ampla acepção.
HIPÓTESE DE GAIA
A ideia de que a Terra – ela própria – é um ser vivo provavelmente é tão antiga quanto a civilização. A sua primeira expressão pública como fato científico data de 1785, e é de autoria do geólogo e naturalista escocês James Hutton.
Foi na década de 60 do Século passado que o pesquisador britânico James Lovelock encontrou indícios de que a Terra se comporta como um sistema auto regulatório e portanto equivalente a um ser vivo. Lovelock reconhece a Terra como um superorganismo vivo, altamente organizado e com um equilíbrio sutil, sempre frágil e sempre por refazer. E encontrou na mitologia grega a deusa Gaia como simbolismo perfeito para fixar sua metáfora. Gaia, a Mãe Terra que surge do Caos (o vazio).
Metáfora, pois segundo o próprio autor “não pense que imagino a Terra viva de uma forma sensível, ou mesmo viva como um animal ou bactéria. Está na hora de ampliar esta definição um tanto dogmática e limitada de vida como algo que se reproduz e corrige erros de reprodução por seleção natural entre a prole.”
SABER CUIDAR
Na memorável carta dirigida ao Presidente dos Estados Unidos em 1852, o Chefe Seattle sentencia: “Somos parte da Terra e Ela é parte de nós. A Terra não pertence ao homem, o homem é que pertence à Terra. Todas as coisas são interligadas, assim como o sangue nos une a todos. O homem não teceu a teia da vida, é apenas um de seus fios. O que quer que ele faça à teia, fará a si mesmo.”
Gaia, Tellus, Pacha Mama, Mãe Terra são algumas das denominações de diferentes culturas, em diferentes épocas da Humanidade, para firmar essa compreensão de berço da vida.
Nesse contexto, o teólogo catarinense Leonardo Boff afirma: “sentir-se Terra é perceber-se dentro de uma complexa comunidade. A Terra não gera apenas a nós seres humanos. Produz a miríade de micro-organismos que compõem 90% de toda rede da vida. Produz as águas, a capa verde com a infinita diversidade de plantas, flores e frutos. Produz a diversidade incontável de animais, nossos companheiros dentro da unidade sagrada da vida, porque em todos estão presentes os 20 aminoácidos que entram na composição da vida. Para todos produz as condições de subsistência, de evolução e de alimentação, no solo, no subsolo, nas águas e no ar.”
E é desse teólogo a iniciativa de traduzir do latim para o português a fábula-mito atribuída a Higino, que viveu entre 64 a.C. e 17 d.C. sobre Cuidado que vale aqui ser mencionada:
– Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma ideia inspirada. Tomou um pouco de barro e começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter.
Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado.
Quando, porém Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu.
Exigiu que fosse imposto o seu nome.
Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da terra. Originou-se então uma discussão generalizada.
De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa:
“Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura. Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver. E uma vez que entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus, que significa terra fértil”
Entendimentos dessa ordem levaram os Congressistas do XV Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, realizado em Goiânia em 1991, a reconhecer, na introdução de Decálogo dos Direitos do Homem ao Saneamento e Meio Ambiente, o Homem como parte integrante da Natureza. Diferente de se ver como tripulante de uma nave espacial, distante de se considerar dono da terra. Parte integrante, que do pó sairá e ao pó retornará por força de suas raízes.
Saber cuidar dessa relação é saber cuidar da vida. É ter a natural prática da ética.
(in) JUSTIÇA SOCIAL
Fome, falta de acesso à água potável, recrudescimento de doenças epidêmicas, analfabetismo, condições sub-humanas de moradia, secas e inundações, perseguições religiosas e étnicas, discrepâncias econômicas, transformações nas relações capital-trabalho. Um enorme rol de circunstâncias limita a redução das distâncias entre ricos e pobres comprometendo as condições de vida e da saúde de enormes contingentes mundo afora.
Até aqui vimos que a essência da ética é a vida num sentido pleno; vimos também que a Terra é compreendida como um superorganismo vivo, altamente organizado e com um equilíbrio sutil, sempre frágil e sempre por refazer; vimos que somos parte integrante da Natureza; que a Terra não pertence ao homem, o homem é que pertence à Terra e que todas as coisas são interligadas, assim como o sangue nos une a todos.
Ora, o quadro desafiante que nos é apresentado pela mídia com os impactos das mudanças climáticas, as hordas de migrantes de povos sofridos e perseguidos, o terrorismo cada vez mais inventivo e avassalador, nos leva a instigante pergunta sem resposta: quão distante está a sociedade moderna de superar as diferenças criadas pela evolução do processo produtivo até aqui conquistada, transformando as distâncias em um quadro mais próximo do caminho para a justiça social tão almejada? E, no caso específico desse painel, como a esfera privada pode concorrer para transformar as injustiças em um ambiente menos desigual, mais harmônico no sentido da paz e compreensão, em que a ética preserve a sua essência, qual seja a qualidade equilibrada de vida?
MENOS É MAIS
As discrepâncias entre necessidades, meios e consumo, estão sintetizadas na assertiva menos é mais.
Atribuo boa parte dos problemas éticos com que se defronta a Humanidade ao modelo econômico adotado como mola propulsora do desenvolvimento de alguns países à custa da exploração de riquezas de outros, ignorando os seus impactos em todo o contingente de mais de 7,550 bilhão de seres humanos.
Referido modelo se sustenta pelo crescimento desmedido dos meios de produção ignorando a capacidade da natureza de se repor seus recursos. Projeções do World Wide Fund for Nature – a WWF indicam que se as atuais projeções se concretizarem a humanidade consumirá perigosamente até 2050 duas vezes mais recursos que o planeta pode gerar por ano.
É do arquiteto alemão Ludwig van der Roher a máxima less is more – menos é mais, hoje difundida por campanhas promovidas no Brasil por vários comunicadores como o professor gaúcho Leandro Karnal, e pelo jornalista carioca Pedro Bial secundado por atores da Rede Globo de Televisão.
Qualquer que tenha sido o contexto que tenha inspirado o seu criador, qualquer que seja a leitura que lhe seja atribuída nos dias atuais, o que se pode inferir é uma reflexão sobre os hábitos da sociedade de consumo onde, por exemplo, a obesidade é uma tendência na mesma linha em que a proliferação de academias para queima de energia se mostra um negócio promissor nos grandes centros urbanos do ocidente, assim como cresce o número de pessoas que se submetem a cirurgias bariátricas. Um contrassenso na contramão dos contingentes de famintos ou subnutridos que sobressaem aos nossos olhos nas campanhas da organização Médicos Sem Fronteiras.
SETOR PRODUTIVO & SETOR SOCIAL
É compreensível que o setor produtivo, a aqui denominada esfera privada, venha fazendo sua auto crítica na busca de um novo modelo que se direcione à continuidade da evolução do mundo dos negócios adotando uma conduta pautada no desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, conhecido como desenvolvimento sustentável, ou seja influenciado pela ética da preservação da vida.
O hoje denominado setor social surge como uma reação natural a esse estado de coisas. Essa tendência emerge a pouco mais de 40 anos e embora atual para muitos ainda se mostra exótica, como uma moda passageira para muitos, muitos outros.
Os conceitos são novos e ainda se misturam. Afinal, qual é o nome que se dá para um rico empresário que decide doar parte significativa de sua fortuna para desenvolver o setor social? Ou para um ativista que de tanto protestar inicia um movimento que acaba mudando tudo ao seu redor? Afinal, quem é o empreendedor social?
Trecho da narração de RODRIGO SANTORO para o filme QUEM SE IMPORTA de Mara Mourão
Em várias culturas surgem iniciativas nesse sentido. Algumas organizações como o Rotary foram criadas no início do Século passado (1905) nos primórdios da Revolução Industrial. Seguem nessa trilha entidades como o Lions, integradas por líderes sensíveis e visionários que constituíram fabulosas redes de relacionamento do bem, hoje com mais de 2 milhões e meio de cidadãos voluntários. Ao considerar o contingente da Organização Mundial do Movimento Esoteiro, esse número é acrescido por mais de 40 milhões de pessoas voltadas ao desenvolvimento de projetos humanitários direcionados à construção de um ambiente de paz e compreensão, e interação harmônica com a Natureza.
Outras iniciativas empresariais mais recentes são disseminadas no sentido de práticas éticas no mercado e alguns exemplos serão citados adiante como testemunhas dessa evolução.
CÓDIGOS VERSUS CULTURA
A narrativa até aqui traçada evidencia a ampla abrangência sobre o entendimento da ética associada à sua essência, ou seja, à vida. Contudo, o Brasil da era Lava-Jato tem-nos levado a associar ética (ou melhor, a falta desta) restrita à corrupção. É natural que a indignação coletiva nos faça reagir dessa forma.
Nesse particular, episódios nacionais e estrangeiros ocorridos com grandes corporações, mostram que empresas envolvidas em grandes escândalos exibiam em seus sites na internet extensos Códigos de Ética declarando seus compromissos com boas práticas empresariais e com a sociedade com que se relacionam.
Ora, se tinham Códigos de Ética, como entender tantas transgressões? Simples. Os Códigos funcionam como declarações formais sem que, contudo, as pessoas que atuavam nessas organizações tivessem condutas consentâneas. Ou seja, tinham Códigos, mas lhes faltavam a Cultura de Ética.
Pela experiência que trago em minha trajetória no mercado por mais de cinco décadas como executivo de grandes e complexas empresas, afirmo que as empresas são o resultado da interação das pessoas que as integram.
Inúmeros casos dão sustentação a esta minha tese. O envolvimento dos profissionais, aeronautas e aeroviários com a Varig, como exemplo emblemático, foi tamanho que a empresa se manteve em operação internacional sem que seus clientes percebessem o estado falimentar que lhe era imposto pelas circunstâncias. A Varig demonstrava ser o resultado positivo da interação de seus determinados e orgulhosos homens e mulheres que amavam o que faziam e que se integravam plenamente, mesmo diante de tamanhos óbices com que se defrontavam.
A Varig tinha cultura empresarial mais que códigos ou regulamentos.
CORPORATIVOS E HUMANOS: LUCRAR E RESPIRAR
No Brasil convencionamos tratar os indivíduos como pessoas físicas e as corporações, quaisquer que sejam seus propósitos e tamanhos, como pessoas jurídicas. Essa forma legal de distinguir umas das outras me parece perversa, pois distancia os humanos da sua interação nas empresas.
A maneira lusitana de tratar esse tema me parece mais adequada à compreensão da importância da interação das pessoas para a formação da cultura organizacional. Em Portugal denominam-se Pessoas Colectivas, ou seja, o aglomerado de pessoas humanas forma o ser coletivo.
Além de minha afirmação anterior sobre as empresas serem o resultado da interação das pessoas que as integram, costumo levar as equipes com as quais me relaciono a refletirem sobre a metáfora do lucro para as empresas, em comparação com o oxigênio para os seres humanos. Aqui é fundamental citar o Embaixador carioca Marcilio Marques Moreira: “Toda empresa não pode prescindir do lucro, da mesma maneira que nós precisamos respirar para viver. Mas nós não vivemos para respirar e, da mesma forma, a empresa e o empresário não vivem para lucrar. O lucro deve servir a empresa e não a empresa deve servir ao lucro. Tocar uma empresa vai muito além de gerar lucros, pois ela tem de ter em conta não só o bem-estar do acionista (shareholder), mas também o de todos os outros stakeholders – funcionários, clientes, fornecedores, meio ambiente, comunidades em que se inserem, além da sociedade em geral.”
Ou seja, será o lucro a razão de existir das empresas? Ou será atender às suas funções sociais no mercado o que legitima sua permanência nos negócios?
CORRUPÇÃO E CULTURA DE TRANSGRESSÕES
Penso que a ganância possa ser fenômeno comportamental gerado pelo modelo perverso de desenvolvimento dos negócios na sociedade moderna. Ganância como ambição; cobiça ou desejo intenso, imoderado por bens e riquezas; usura; busca incessante pelo lucro; em que há agiotagem. Vontade intensa e permanente de possuir e/ou de ganhar mais do que os demais. (definições encontradas no Dicionário Online de Português).
Ganância que talvez explique as tantas práticas de empresários corruptores e autoridades corrompidas vilipendiando os milhões de seres que buscam sobreviver diante das agruras que lhes são apresentadas na selva de suas cidades.
Ganância que transforma jovens autointitulados caçadores de marajás e executivos de destaque internacional em condenados pela Justiça e repudiados por milhões de pessoas que lhe fizeram depositários de sua confiança e esperança.
Ganância desenvolvida e nutrida por décadas e décadas, e que somada à cultura de transgressão constitui o meio de cultura que faz do Rio de Janeiro, por exemplo, o berço nacional das transgressões, como afirma o professor mineiro José Murilo de Carvalho: “Pergunto se, de fato, a transgressão é um fenômeno nacional, localizável igualmente em todas as regiões do pais, em todas as classes sociais, em todos os tempo. Existe o brasileiro como transgressor universal, ou sua relação com a lei varia de acordo com regiões, classes sociais, escolaridade, épocas? Diria que a transgressão é, de fato, como a feijoada: não é nacional. Feijoada é prato típico do sudeste … A imagem da transgressão e malandragem estendida ao pais inteiro é projeção do que seria uma característica carioca para o resto do país. A projeção é compreensível, uma vez que o Rio foi, por muito tempo, capital nacional. Até mesmo Walt Disney colaborou nessa empreitada, apresentando a figura do Zé Carioca como imagem do brasileiro.”
Quando li essas palavras em Cultura das Transgressões no Brasil – Lições da História, me vi tomado por um ímpeto de indignação, confesso como carioca da gema que sou. Mas como é de meu caráter, abri minha mente ao outro, para compreender o autor. E aqui estou a reproduzir suas palavras para ilustrar meu pensamento.
É claro que a cultura das transgressões e da corrupção é um fenômeno inerente ao ser humano. Longe de ser como a jabuticaba, ou a feijoada. Mas o fato é que nos cabe, aqui nesse momento, realizar uma autocrítica isenta até para permitir que sejamos os protagonistas das mudanças necessárias para afastar os males sociais que produzimos e dos quais em última instância acabamos por ser vítimas.
INVERSÃO DA TENDÊNCIA
Sou perseverante em meus ideais, e vejo o mundo com os olhos do otimismo. Quando decidi editar Ética – Uma Caminhada Sem Linha de Chegada, convidei personalidades de minhas relações pessoais para que colaborassem com textos em que registrassem suas visões diante de suas comprovadas experiências de vida, como a engenheira Olga Simbalista e o General pernambucano Otávio Santana do Rêgo Barros para mencionar dois dos 25 articulistas que atenderam ao meu convite.
Educadores, empresários, magistrados, militares, clérigos, executivos. Personalidades experientes que tratam sobre educação, direito, família, saúde, serviços voluntários em dezenas de textos primorosos e encorajadores.
O interesse pelo tema levou-me a concentrar minhas atenções em estudar iniciativas de sucesso no meio empresarial nacional e do estrangeiro, fruto de intensa pesquisa e das relações que me são proporcionadas pelo convívio com Rotarianos espalhados por todo o Brasil e pelos países com os quais mantenho contato direto. E os resultados são auspiciosos, encorajadores.
O banqueiro indiano Muhammad Yunu, Prêmio Nobel da Paz em 2006, ousou conceber o Banco Grameen, inspirador de tantos bancos de microcrédito espalhados pelo mundo, e que empresta a pequenos empreendedores sem exigir garantias nem papéis, sendo, sobretudo, procurado por mulheres.
O empresário estadunidense Bill Gates, associado honorário do Rotary Club de Seattle, participa da campanha mundial de erradicação da poliomielite, promovendo vultosas doações pecuniárias pela Fundação Melinda Gates para a Fundação Rotária, além de servir como voluntário em países da África nos dias nacionais de vacinação pelo programa Polio Plus de Rotary International e a Organização Mundial da Saúde.
O ator, empresário, produtor e filantropo estadunidense Matt Damon fundou com Gary White a Water.org. Uma de suas mais recentes iniciativas foi a campanha firmada com a Stella Artois para promover o acesso à água potável no Brasil. Presente em 14 países, tem o objetivo de impactar e engajar os brasileiros sobre a questão. A cada cálice especial de Stella que for vendido, a ONG doará cinco anos de água potável para comunidades escolhidas.
Do empresário carioca Jorge Paulo Lemann, a AMBEV lança a água AMA e reverte 100% do lucro para levar acesso à água potável à população do semiárido brasileiro.
Por criação do engenheiro carioca Haroldo Mattos de Lemos, enquanto Presidente do Conselho Empresarial do Meio Ambiente e Desenvolvimento da Associação Comercial do Rio de Janeiro, a Casa de Mauá manteve o concurso para realce das iniciativas empresariais dignas de reconhecimento por uma comissão de notório saber, para a outorga do Prêmio ACRJ de Sustentabilidade que por sete anos consecutivos destacou investimentos de empresas de grande, médio e pequeno porte em ações que as distinguiram por práticas éticas em seus segmentos.
Esses são apenas alguns dos incontáveis exemplos encorajadores que compõem o magnifico mosaico de providências da esfera privada em curso para pontuar a inversão de tendência para um novo rumo para a sociedade.
NOVO RUMO – Conclusão
É evidente o tamanho do desafio para que a sociedade em progresso permanente adote práticas condicentes com os requisitos esperados pelo cidadão comum
Campanhas inspiradoras como a empreendida pelo Rotary Club do Rio de Janeiro, a partir da criação do empresário cearoca, Aroldo Araújo – Ética, Um Principio Que Não Pode Ter Fim, e que agora ganha espaço por inúmeros países que abraçam essa causa, fazem parte da nova caminhada sem linha de chegada.
A Escola Superior de Guerra, ao adotar a realização deste Seminário, dá um passo de valor inestimável para que os vários segmentos das elites brasileiras compreendam o valor que se precisa dar a práticas éticas.
A Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, atendendo a sua missão, promove princípios éticos pelos cursos que empreende em todo o País por ação de suas Delegacias e pode ousar fazer o postulado da Ética chegar à nossa juventude por intermédio de um programa que relembre a notável figura do Almirante Benjamin Sodré, seu fundador e primeiro Presidente.
A parceria das organizações que empreendem este Seminário é o corolário de reconhecimento com o qual encerro estas reflexões agradecendo a generosa atenção de todos, submetendo esses pensamentos à critica e comentários desta seleta plateia.
- Conferência proferida por Joper Padrão no Seminário sobre Ética e Cidadania, Escola Superior de Guerra.
Boa noite!
Sou colaboradora há 12 anos na CEDAE e, apesar dos desumanos desafios, sigo esperançosa com o cumprimento da Lei das Estatais, com a criação de um canal de ética oficial de denúncias, com o fortalecimento do setor de Recursos Humanos com a nova diretoria de Gente e Gestão, com o Relatório de Sustentabilidade que propaga os ODS e com a visão de inovação que está surgindo com os colaboradores sucessores.
Quero muito acreditar!
O Sr. realmente acredita que seja possível mudar a cultura antiética em empresas do setor público como a CEDAE?
Obrigada desde já,