Semeadura – Líderes Multidimensionais
Um novo morticínio é anunciado. Criativo, o ser humano é incansável em usar novas armas pouco convencionais. Aviões de carreira foram usados em setembro de 2001. Desta vez, um caminhão, como tantos que circulam por nossas cidades e estradas.
Os números, neste momento, nos dão conta de 84 mortos, contando com 10 crianças e adolescentes. Dentre as 202 pessoas feridas 52 estão em estado grave, com 25 destas na UTI ¹. Um motorista, usando um caminhão, sem qualquer artefato bélico nas mãos ou atado a seu corpo, foi capaz de ceifar vidas de pessoas inocentes que celebravam o 14 de julho em Nice.
Como milhões de outras pessoas, cada um de nós se comove, se sente consternado, se solidariza, porém, como é natural, prossegue com o cotidiano de cada um.
Esquemas de segurança são revisitados e reforçados por todo o lado. Mas as perguntas que persistem soam mais alto: Qual será a próxima surpresa? Quantos atingirão quantos? Serão pessoas as vítimas, ou o alvo será um monumento símbolo para a Humanidade? Os esquemas de segurança adotarão novos e mais poderosos armamentos para combater a barbárie? Existirá meios de fazer o bom senso prevalecer?
Sou um otimista. Quem me conhece, reconhece essa minha característica. Afinal, até o meu blog assim expressa essa feição da minha personalidade: Blog do Padrão Positivo! Do tipo do personagem Candinho, da novela “Eta Mundo Bom” cujo lema é: “Tudo o que acontece de ruim na vida da gente é ‘pra meiorá'” ².
Ora! Como a mortandade de quase uma centena de inocentes pode ser “pra meiorá”? “Meiorá”? Como???
“No Século XX, vivemos o apogeu da agricultura e pela primeira vez na história houve abundância de alimentos. A medicina preventiva conseguiu melhorias impressionantes no saneamento básico, no tratamento da água e, em especial, na invenção de vacinas. Hoje vivemos uma explosão populacional. Somos bilhões de habitantes. Se não fossem a medicina preventiva e as técnicas de agricultura, que permitem produção excedente de alimentos, certamente o número de habitantes no planeta seria menor.” afirma Augusto Cury em sua obra “O funcionamento da Mente – Uma jornada para o mais incrível dos universos”, que prossegue com instigantes indagações. “Pergunto que alimentos as ciências humanas produzem para nutrir o líder psíquico (referindo-se à mente humana)? Quais são as técnicas de produção dessa agricultura intelectual e emocional para nos tirar da condição de expectadores passivos e nos fazer protagonistas?”
Episódios como os que a Humanidade tem acompanhado nos levam a entender que a “agricultura intelectual” a que se refere o ilustre psiquiatra acontecerá no campo da educação. É lá que serão semeadas as gerações – presentes e futuras – capazes de reverter essa tendência autofágica do ser humano.
Sim! Creio firmemente que seja na educação contínua que a grande mudança acontecerá.
Recentemente participei ativamente de um encontro sobre as condições do saneamento básico no Brasil. O expositor trouxe à plateia de participantes formada por profissionais experientes, dados impressionantes, como por exemplo a perda de mais de 49% da água produzida em importantes centros urbanos de nosso País, o que é, a seu modo, uma forma de violência. Enquanto pessoas carecem de água potável para manter a sua boa saúde, há o desperdício de metade da água produzida, sabe-se lá por quais razões.
No momento dos debates, uma voz se levanta para afirmar que a solução estaria em duas atitudes: “no bolso e com a polícia”. Ou seja, por essa intervenção com duas atitudes punitivas o problema estaria resolvido. Essa pensamento me chocou, confesso. E minha reação foi espontânea e imediata. Repudiando essa visão, afirmei: “é na educação que se encontrará a solução para esse e para tantos outros hábitos perniciosos da sociedade moderna“.
“Há um crise de recursos humanos … nós estamos a aplicar mal os nossos talentos. Muitíssimas pessoas passam as suas vidas sem qualquer ideia de quais são as sua aptidões inatas ou sequer se dispõem de alguma. Encontro toda uma variedade de pessoas que não gostam do que fazem. Basicamente passam as suas vidas a faze-lo. Não tiram prazer daquilo que fazem. Suportam ao invés de desfrutar … e aguardam pelo fim de semana! Mas também encontro pessoas que adoram o que fazem e que não conseguiriam imaginar fazer qualquer outra coisa. Se lhes disséssemos “Pare de fazer isto” interrogar-se-iam acerca do que estávamos a lhes dizer, porque não tem a ver com o que fazem, mas sim com quem são. Elas dizem: “Mas isto sou eu”, garante Sir Ken Robinson. ³ E o nobre pedagogo inglês sentencia em sua palestra para o TED Talks: “Mas isso não acontece com muitas pessoas. De fato, parece-me que pelo contrário acontece a uma minoria. Acho que existem muitas explicações possíveis para esse fato. E a de maior peso é a educação”.
Por ver a vida alinhado com pensadores como Augusto Cury e Sir Ken Robinson, resolvi colocar à disposição daqueles que representam solo fértil para o pensar, minha tese sobre a Liderança Multidimensional. Mais de 70 profissionais já perfilam nesse grupo e o 1º Encontro recém realizado em 9 de julho garante que o resultado é positivo.
Se queres colher a curto prazo, semeie cereais. Se queres colher a longo prazo, plante árvores frutíferas. Se queres colher para sempre, capacite as pessoas. Afirma o provérbio chinês. É o que estamos fazendo com alegria, a alegria de viver.
² http://globointernacional.globo.com/Asia/Paginas/%C3%8Ata-Mundo-Bom!.aspx
³ https://www.youtube.com/watch?v=PhTW2210Pp0